Livro: Atração Incontrolável Página 2

... das secretárias parecia o chalé de Papai Noel, pensou Angie com ironia, e as outras salas não estavam menos enfeitadas. Em cada quadro e portal havia um enfeite prateado, dourado, vermelho ou verde. Os aparelhos de fax estavam decorados com pequenas lâmpadas. Na rua, a cafeteria tocava músicas natalinas o dia inteiro, e, na véspera, a banda do Exército da Salvação parara no quarteirão e tocara canções tão bonitas que Angie tivera de conter as lágrimas enquanto procurava uma nota de cinco libras na bolsa. A época do ano fazia parte do problema, deixando-a emocionalmente sensível. O Natal sempre mexe com as pessoas, tanto no aspecto coletivo quanto no individual, pois cristaliza todos os medos e esperanças e faz com que todos sonhem, desejem, anseiem e se tomem conscientes de tudo o que lhes falta na vida. — Você está ansiosa pela festa da empresa esta noite? — perguntou a secretária júnior, uma amável jovem chamada Alicia, contratada há pouco tempo. Angie fez uma cara irônica surpresa. — Você está brincando? Alicia olhou para ela com curiosidade. — Como será? Todos dizem que é fantástica, num dos restaurantes mais elegantes de Londres, sem economizar nas despesas! É verdade que o sr. Castellari estará presente o tempo todo? Angie sabia que as secretárias ficavam intimidadas na presença de seu chefe. Ela já sentira o mesmo e olhara furtivamente para o belo rosto, imaginando como um homem poderia ser tão bonito. A diferença é que ela fora escolhida pessoalmente por Ricardo e promovida ao incrível cargo de sua secretária, de uma hora para outra. Angie não sabia por que ele a escolhera e apenas ficara feliz. Mas, e agora? Agora, não tinha mais certeza de nada. Às vezes, imaginava se sua vida não seria mais simples se tivesse ficado entre as outras secretárias. A essa altura, já teria seguido seu caminho, afastando-se da presença inebriante do sexy italiano. Ela sorriu para Alicia. — Claro que sim. Ele ficar� ...

até o final. — Até o amargo fim, como dissera Ricardo de maneira ríspida. Para dizer a verdade, ele não gostava do Natal, mas uma vez por ano se esquecia de si mesmo e atendia às expectativas dos funcionários da empresa. Gastava muito dinheiro numa festa natalina que ainda seria comentada em fevereiro e dava um bônus generoso a todos, inclusive a ela. Angie, às vezes, desejava que ele lhe desse algo mais. pessoal, mas, reconhecendo que não adiantava querer o impossível, ela se levantou e tirou um fiapo minúsculo da saia de jérsei. — Na verdade, é melhor que eu providencie alguns detalhes finais. Estou esperando que Ricardo chegue a qualquer momento. — Está? — perguntou Alicia com inveja. — Sim. Ele está vindo do aeroporto. — Angie conhecia cada detalhe da agenda de Ricardo, segundo a segundo. A limusine preta deveria estar se dirigindo para o centro de Londres, e ele deveria estar esticando as longas pernas, sentado no banco traseiro. Já teria soltado o nó da gravata e estaria lendo algum documento, ou falando ao telefone em um dos três idiomas que dominava com perfeição. Ou talvez conversasse com o motorista italiano, Marco, que também desempenhava o papel de guarda-costas, quando necessário. — Na verdade — Angie olhou o relógio —, se o trânsito estiver livre, ele deve estar. — Seu pager começou a tocar e ela não pôde evitar que seu coração disparasse. — Desculpe — ela disse com um sorriso que disfarçava sua animação. — Ele já chegou. Angie praticamente correu até sua sala, anexa ao escritório de Ricardo. Ela deu um suspiro de prazer ao entrar no ambiente espaçoso e claro. Por mais que entrasse ali, sempre se surpreendia por trabalhar num lugar tão bonito. Era como uma imagem de cartão-postal. Os escritórios da Castellari davam para o vasto e impressionante Trafalgar Square, e o local, conhecido mundialmente, era sempre lindo com suas fontes e monumentos imponentes, ainda mais no período de Nata ...

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