Livro: Testamento de amor Página 3

... om essa situação. Dez minutos mais tarde, Caryn chegava ao chalé isolado, que pertencia aos Gregory há três gerações. A manutenção tinha sido negligenciada, em função do panorama económico actual, e a pintura descascada dava um ar decadente ao lugar. O pai de Caryn não era dado a trabalhos de conservação e, por isso, sempre preferira contratar profissionais especializados. Sempre, desde que pudesse pagar. Suspirando, Caryn seguiu o aroma de pão acabadinho de sair do forno e sorriu para a mulher que lavava as panelas, na cozinha confortável e espaçosa. - Dou sempre graças a Deus por ter uma mãe à moda antiga! - brincou. - Se gostar de cozinhar para a família é ser antiquada, então não quero ser moderna - Susan Gregory riu-se. - E tu podias procurar aprender algumas coisas. - A minha mão nunca seria tão talentosa quanto a tua. Estou mais acostumada a martelar numa máquina de escrever, mamã. Qualquer dia, a Taylor e Simmerson há-de aderir ao século vinte e comprar um processador de texto. A minha vida seria bastante facilitada! - Por que não lhes fazes a sugestão? - Já fiz, mas é como falar para as paredes. O senhor Taylor diz que não precisamos de equipamentos modernos. É claro que não! Por que haviam de precisar, se encontraram uma maluca capaz de fazer todo o serviço naquela máquina pré-histórica? - Eles pagam-te bem por isso, querida - Susan lembrou, num tom de censura. - Não estás a pensar em procurar outro emprego, pois não? - Em Barston? Impossível! Não, mãe. A não ser que me mude daqui, o que não pretendo fazer. Só me resta agradecer aos céus pelo emprego que tenho. - Se tivesses concluído o segundo ano com boas notas, tal como esperávamos, as tuas hipóteses seriam melhores. Nunca percebi por que razão tiraste notas tão baixas nos exames finais. - Fiquei nervosa - Caryn justificou calmamente, apesar do tumulto interior. - De qualquer forma, consegui um bom resultado em gestão de empresas, em ...

ora aqui as perspectivas sejam limitadas - e encheu a chaleira de água, tentando mudar de assunto. - vou fazer um pouco de chá. O papá gosta sempre de tomar uma chávena ao final da tarde. Alguns minutos mais tarde, levou a bandeja com o chá ao pai, que lia o jornal vespertino. - Não vais sair? - perguntou ele, aceitando a chávena que a filha lhe ofereceu. - Já saí - Caryn respondeu. - Estás a referir-te à caminhada pela praia? Isso 10 não é um passeio para uma noite de sábado. No meu tempo, costumávamos fazer coisas especiais aos sábados. Tu passas muito tempo sozinha, Caryn. Uma rapariga tão bonita como tu deve ter muitos pretendentes. - Nenhum especialmente interessante. Não te preocupes com isso, papá. Gosto de andar sozinha. Além disso, a Jane regressa de férias na semana que vem e, nessa altura, já terei companhia. A não ser que ela decida levar a sério a relação com o Roy Gillingham, é claro. - Ela é demasiado jovem para levar qualquer coisa a sério - comentou John Gregory. - A tua mãe e eu tínhamos mais de vinte e cinco anos, quando decidimos casar. Por isso, é que nos damos tão bem. Os adolescentes não sabem o que querem. - Provavelmente não - Caryn murmurou, defendendo-se contra as lembranças intrusas. - Acho que vou ler um pouco para o meu quarto. A mamã daqui a um minuto aparece aqui. Redecorado por ela mesma, algumas semanas antes, o quarto em tons de verde e branco já não lhe agradava tanto. Deitada de costas na cama, os olhos perdidos no tecto, sentia-se inquieta e presa. A vida tinha de ser mais do que aquela existência monótona. Talvez fosse hora de pensar em sair de Barston. Não só para Norwich, mas para mais longe. Havia um mundo inteiro à sua frente para ser explorado. Sabia que a ideia lhe era provocada pelo reencontro com Logan e, ao fechar os olhos, conseguiu 11 ver nitidamente o rosto dele. Eram recordações difíceis, mas não conseguia evitá-las. - E esta é a Caryn, uma amiga ...

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