Livro: Testamento de amor Página 2

... meus beijos, qualquer coisa que eu quisesse fazer. Por acaso, tentaste deter-me? - Seu. nojento! - insultou-o, dando meia volta para se ir embora, antes que Logan pudesse ver as lágrimas nos olhos dela. - Caryn, espera! - seguiu-a, agarrando-a pelos ombros. - Não devia ter dito aquilo. - Porquê? - indagou ela. - É verdade. Eu é que me atirei a ti. - Mas eu não devia ter correspondido. Se te tivesse levado para casa, como era meu dever, não teria acontecido nada. A culpa foi minha. Conseguia sentir o calor dos dedos dele através da roupa e a sensação provocava-lhe lembranças que preferia manter enterradas para sempre. O ódio não a protegia do desejo. - Tira as mãos de cima de mim! Não suporto que me toques! Ele assentiu de imediato, recuando com as mãos erguidas, num gesto defensivo. - Muito bem, não volto a tocar em ti. Mas, ouve o que te vou dizer, por favor. - Não há mais nada para dizer. Pelo menos, nada que eu queira ouvir. a não ser que tenciones dizer-me que te vais embora amanhã. Logan ficou em silêncio por alguns instantes, examinando-lhe o rosto. - Desculpa, mas isso é impossível - suspirou. - Quando? - Vim para ficar. por tempo indeterminado. Caryn sentiu o coração pular dentro do peito. - Pensei que tivesses negócios no estrangeiro. - E tenho - admitiu. - E continuarei a ter. O meu sócio vai administrar as fazendas na Austrália, enquanto eu trato dos negócios por aqui. - Não achas que devias ter feito isso, logo a seguir à morte do teu pai, no ano passado? Isto é, pressupondo que não tenhas sido deserdado. - Digamos que havia uma condição que eu não estava preparado para cumprir-Logan sorriu, encolhendo os ombros. - E agora, estás? - Agora, tenho de estar. A minha mãe tem menos de um ano de vida e quero realizar todos os seus desejos, custe o que custar. Ela quer que eu fique aqui e eu vou ficar. Lamento se a notícia não corresponde às tuas expectativas, mas não tenho outra alternativa. Cary ...

mordeu o lábio, ciente de que não havia maneira de alterar aquela situação. - Lamento imenso o que se passa com a tua mãe - disse. - Não se pode fazer mesmo nada? - Não há nada que já não tenha sido tentado. Ela padece de uma forma de leucemia controlável, mas incurável. Agora, a doença atingiu a última fase e, daqui por diante, não devemos alimentar mais esperanças. - Ela está ao corrente do prognóstico? - Sim, a minha mãe sempre fez questão de estar informada sobre a evolução do seu estado. É uma mulher muito corajosa. Caryn só a conhecia de vista. Os Bannister circulavam num meio social muito diferente do dela. Se o irmão mais novo de Margot não a tivesse convidado para aquela festa, há dois anos atrás, provavelmente não teria conhecido Logan. - Lamento muito - repetiu. - Deve ser horrível conviver com a certeza de que a morte está próxima. Bem, tenho de ir - suspirou, procurando uma forma digna de se escapar, antes que sucumbisse à tristeza. - A mamã deve estar preocupada. - Como estão os teus pais? - Bem, obrigada. - Que bom - Logan hesitou, por um momento, como se pretendesse dizer mais alguma coisa, mas depois abanou a cabeça e voltou a montar o cavalo, acenando com a mão, numa despedida silenciosa. Caryn deixou-se ficar onde estava, vendo-o afastar-se, em direcção à cidade. Ainda estava lá, exactamente como antes. O ódio não diminuíra a atracção física. Ainda conseguia lembrar-se nitidamente do momento em que fitara aqueles olhos cinzentos pela primeira vez. Aos dezasseis anos, as emoções foram tão intensas, imediatas e indiscriminadas, que não dera nenhuma importância aos quinze anos de diferença de idade. Logan também não tinha considerado a diferença importante, só em certa medida. Devido à proximidade entre Whitegates e Barston, não havia dúvida de que voltaria a vê-lo muitas vezes, nos meses que se avizinhavam, e a única coisa que lhe restava fazer era aprender a conviver c ...

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