Livro: Antes do adeus Página 3

... z! Quando o sininho tocou novamente, Lorna afastou aqueles pensamentos e levantou depressa. Entrou na loja e encontrou Eve Summers, contente como um gato depois de um prato de leite. - bom dia! Você parece muito feliz! - bom dia Lorna! - Eve riu como uma adolescente. - Tenho novidades. Puxa e que novidades! - Deu uma olhada para o lado de Dulcie e depois virou-se para Lorna: - Você pode sair para um café? Só tomarei quinze minutos do seu tempo. - Claro que sim - ela concordou imediatamente. Nem pensou em dizer a Eve que acabara de tomar café. Eve era uma ótima cliente, que comprava muitas roupas durante o ano todo. Tinha vinte e nove anos e gastava muito, pois queria estar sempre bem vestida. Quando ia a Londres renovar seu estoque, Lorna escolhia alguns vestidos pensando especificamente em Eve. Conhecia muito bem o gosto dela e já tinha desistido de tentar influenciá-la. A verdade é que Eve constantemente usava coisas que não combinavam com seu tipo, mas recusava-se a aceitar os conselhos. As duas se davam maravilhosamente bem e ocasionalmente almoçavam juntas. Eve era uma advogada expansiva, educada e evidentemente de família rica. Os escritórios onde trabalhava ficavam em Park Street, próximos da Felina, e fora Eve quem tratara das formalidades legais quando Lorna abriu sua loja. E, desde então, transformara-se na sua melhor cliente. - Será que ponho meu casaco? - Lorna perguntou, curiosa para ouvir as novidades e sabendo que devia ser alguma coisa importante para fazer com que Eve se afastasse do escritório. - Ponha, sim - Eve sugeriu. - Acho que o inverno já chegou. - Não diga uma coisa dessas! Ainda estamos em outubro, no outono. - Outono, outubro, tanto faz. A verdade é que lá fora está um gelo. - Eve sorriu tão feliz, que Lorna teve que sorrir junto. As duas saíram e andaram apressadamente até o bar do Castle Hotel, onde pediram dois cafezinhos para a garçonete. Do outro lado da rua via-se o castelo de Windsor, antigo, imp ...

nente e resplandecente, dominando a cidade. Por mais acostumada que estivesse àquela vista, Lorna nunca deixava de se encantar com ela, mas naquele instante sua atenção estava toda em Eve. - Estou esperando - ela disse, impaciente e alegre. - Ainda não adivinhou? - provocou Eve. - Você não me deu nenhuma pista. - Não podia nem imaginar o que teria acontecido para deixar Eve tão feliz, tão radiante. - Julian me pediu em casamento! - As palavras saíram de uma só vez e depois Eve as repetiu, esperando a reação de Lorna. Tomada de surpresa, ela teve que fazer um grande esforço para dar a resposta esperada. Sorriu e deu os parabéns, mas não pôde deixar de fazer perguntas. - Mas. . . mas você sempre me disse que não estava interessada em casamento! Sua carreira. . . sempre disse que sua carreira. . - Eu adoro minha profissão - Eve confirmou vigorosamente. Mas amo Julian. Além disso, posso ter os dois, não posso? - Acho que sim. Mas é que. . . - Eu sei, eu sei. - Eve levantou a mão. - Sempre dei valor à minha liberdade. Sou feliz em meu trabalho, adoro a minha casinha, mas já faz algum tempo que sinto falta de alguma coisa em minha vida. Você é sozinha, Lorna. A única família que tem é sua irmã, não é? Nunca sentiu que falta algo em sua vida? - Não - Lorna respondeu, lacónica. - Um homem, por exemplo? - Não. - Intimamente Lorna sorriu. Respondera muito calmamente, mantendo controle sobre si mesma para que Eve -não percebesse que um homem era a última coisa que procurava na vida. - Logo que Julian foi trabalhar na firma - Eve contou -, eu soube o que estava faltando na minha vida. Desconfio que comecei a me apaixonar por ele assim que o vi. Para ser sincera, confesso que espero há três meses que ele me peça em casamento. Eve e Julian estavam saindo juntos nos últimos seis meses. Pouco antes disso, ele entrara como sócio na firma de advocacia. Lorna tinha encontrado com ele diversas vezes, quando acompanhara Eve até ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: