Livro: Amor a primeira vista Página 2

... adora, um véu e uma atitude modesta. — Você é o senhor dela, Orrick. Não sabe como ganha a vida? Orrick resmungou qualquer coisa e tomou um longo gole de cerveja. Gavin observou a mulher por alguns minutos enquanto ela servia as mesas mais baixas. Era sempre sorridente e falava suavemente com todos a quem atendia. Em seus modos, não havia tentativa evidente de seduzir os homens, nem as mulheres sentadas às mesas lhe mostravam hostilidade. Orrick realmente administrava suas terras e domínios de forma bem diferente da maioria dos lordes ingleses. — Sei como ela ganha a vida, irmão. Não sei é como ela entrou nessa vida. As palavras de Orrick surpreenderam Gavin. Orrick sempre descobria a verdade sobre tudo e, no entanto, esta mulher conseguira manter em segredo seu passado. Surpreendente. Intrigante. Alguma coisa o moveu pela primeira vez em muito tempo. Curiosidade. Ele se recostou na cadeira de espaldar alto em que se sentava e estudou-a. Calculou que teria 25 anos, percebeu que tinha todos os dentes quando sorriu, e que sua pele era livre de marcas de varíola ou manchas. Suas costas ficavam retas quando estava de pé. Não havia deformidade aparente. Não era uma prostituta comum de aldeia. — Tem importância por que ela faz isto, Orrick? Está criando problemas para você? Orrick se debruçou em direção ao amigo, de forma a não ser ouvido, mais provavelmente, por lady Margaret, sua mulher, que se sentava do outro lado. — Uma pergunta sem resposta é inaceitável. Quem sabe que tipo de problema pode haver se alguém vier procurar por ela? Gavin sentiu o puxão dos cordões de marionete. Reconheceu as maquinações de seu irmão pelo que eram e concluiu que podia fazer o mesmo jogo. — Mande-a embora, então. É seu direito como senhor destas terras. O trejeito e o olhar sombrio de Orrick mostraram a verdade a Gavin. Ela impedira Orrick de descobrir sua história, mas ele nunca expulsaria de suas terras uma única alma desamparada ...

ue precisasse de santuário. Especialmente na proximidade da festa do nascimento de Nosso Senhor e da chegada do ano novo. Sempre fora sua fraqueza. Gavin riu das dificuldades de Orrick. — Embora esteja errado na avaliação que faz de mim e de suas tentativas de me manipular, vou ter pena de seu problema e descobrir o que você quer saber sobre a sua prostituta. Fez um aceno na direção da mulher enquanto falava, e quase deixou de observar a expressão de dor que cruzou o rosto de Orrick. Quase. Teria Orrick algum interesse pessoal naquela mulher? Achava que não, mas o que mais poderia explicar seu comportamento? Gavin debruçou-se para frente, para observar se Margaret estava atenta a eles, e viu que ela estava voltada para a mulher ao lado, em conversa animada. O momento era tão bom quanto qualquer outro para fazer a pergunta. — Você a quer como sua concubina? É este o motivo de tudo isto? — Concubina? — perguntou Orrick, engasgando com a palavra. — Sim. Posso descobrir se ela é casada ou se há outro obstáculo em seu caminho, se é sua vontade reclamá-la como sua concubina. Esta não era uma situação incomum entre nobres, mas alguma coisa não lhe parecia certa. Nunca teria acreditado que Orrick levaria outra mulher para cama enquanto fosse casado com Margaret. Talvez tivesse ficado longe tempo demais. Se as coisas tinham mudado tanto. — Não quero qualquer mulher além da minha Margaret, seu idiota cabeça-dura — sussurrou Orrick, furioso. — É só um amigo ajudando outro no desempenho de uma tarefa. Pensei que lhe daria alguma coisa para fazer enquanto está conosco esperando a chegada do ano novo, só isso. Gavin sentiu um enorme alívio por não estar envolvido em uma trama para enganar a mulher de Orrick. Ela podia ser formidável quando enfurecida e ele não queria ser objeto de sua atenção numa situação dessas. E estava feliz por Orrick ainda ser tão fiel à sua Margaret como ele fora à sua Nessa enquanto ela vive ...

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