Livro: Unidos Pelo Destino Página 2

... travessou o quarto, parando brevemente para respon¬der ao servo: — Quando meu pai acordar, diga que fui para a Inglaterra. Norte da Inglaterra — Gordon Straker está aqui e quer ver a senhora — anunciou Alice Trent, cozinheira e governanta da casa, quando Erin en¬trou na cozinha. — Diz vir da parte de Faisal, e mencionou algo sobre um desejo. —Ah, claro. Falei com ele ao telefone há alguns dias, e disse que viria de Londres para cá. — E agora está esperando na biblioteca — disse Alice, pa¬rando de descascar as batatas e observando a aparência estranha de Erin. — O que estava fazendo? A senhora parece saída de uma mina de carvão. — Eu estava limpando o grande quarto de visitas — disse Erin, olhando as manchas de pó em sua calça jeans. — O quar¬to de Kazim ficou muito pequeno para guardar todos os seus brinquedos agora que ele está dormindo em uma cama normal. O quarto de visitas poderá se transformar em um perfeito quar¬to de jogos. E preciso me manter ocupada — disse, defensiva, quando Alice levantou as sobrancelhas. Tudo ia bem quando Kazim estava acordado, pois manter um menino de três anos entretido ocupava todo o seu tempo, mas Erin tinha muito medo do momento em que ele dormia, à tarde — uma hora de paz e solidão a deixava com muito tempo para pensar. Tinham se passado quase três semanas desde o funeral de Faisal. Sua morte era esperada — um ano antes, todos souberam que seu tumor no cérebro era inoperável — e agora Erin estava feliz por Faisal ter descansado, e talvez se reunido à sua amada Maryam. Mas os dois eram amigos, ela sentia falta dele e não conseguia vencer o pânico que a invadia sempre que pensava no futuro. O bem-estar de Kazim era sua total responsabilidade, e morria de medo de que um dia pudesse decepcionar Faisal. Olhou Kazim, que entrara à sua frente na cozinha e naquele momento estava ocupado abrindo os armários e investigando tudo o que tinha dentro deles. Kazim cantava e ...

coração de Erin pulava ao som de sua voz inocente e esganiçada. Ele per¬guntara algumas vezes por Faisal, mas pareceu ter entendido quando Erin explicou que seu pai adormecera para sempre. Fora a missão mais dura de sua vida, e a lembrança do olhar triste de Kazim sentado no seu colo continuava a encher seus olhos de lágrimas. Mas, mesmo com um comportamento um pouco diferente do habitual, parecia ter aceitado bem a notícia — talvez por ser muito novo para perceber que estaria totalmen¬te sozinho no mundo. Mas ele não está sozinho, pensou Erin, decidida. Seus dois pais estão mortos, é verdade, mas Kazim sempre poderá con¬tar com ela, que o amará e protegerá o tempo que for preciso — exatamente como prometera ao seu pai. — Preparei um chá — disse Alice, interrompendo o pensa¬mento de Erin. — E posso ficar cuidando de Kazim. Erin olhou a bandeja e perguntou: — Por que colocou três xícaras? — O sr. Straker trouxe mais uma pessoa com ele. O que para mim foi um susto, pois quando apareceu na porta eu imaginei que fosse o fantasma do sr. Faisal — e sorriu, dizendo: — Es¬pero que tenha sido apenas um susto. Mas essa pessoa vem do Oriente Médio, disso tenho certeza, e é um homem muito boni¬to. Alto, moreno, indecentemente bonito. E suas feições se pare¬cem com as de Faisal — disse, diminuindo a velocidade da voz. — Você acha que poderia ser um parente? Um mal-estar inexplicável tomou conta de Erin. — Faisal não tinha família — explicou, rapidamente. — Não sei quem é este homem, mas provavelmente será alguém re¬lacionado aos negócios de Faisal. O melhor que posso fazer é subir e atendê-lo — disse, pegando a bandeja. Alice ficou observando suas roupas com desaprovação: — Eu sugiro que, antes, troque de roupa. Mas talvez não tenha tempo. Voltou a nevar e sei que o sr. Straker está ansioso para voltar à cidade antes que o tempo impeça sua viagem. Erin saiu rápido da cozinha, e quando ch ...

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