Livro: Inesquecível Amor Página 5

... a cabeça de Kane, e ajeitou a compressa gelada no local atingido pelo peso de papéis. Automaticamente, suas mãos dirigiram-se para o cinto que prendia os pulsos dele. Interrompeu o gesto na metade. Teria de se explicar antes de libertá-lo, para não sofrer represália. Sentou com as pernas cruzadas sob o próprio corpo e ficou esperando. Kane gemeu e Sheila reajustou a compressa, as mãos demorando-se um pouco mais do que o necessário sobre os cabelos presos. Voltou à posição anterior, estudando os traços másculos daquele rosto moreno. — Bem, sr. Kane Maximilian du Monde Stone, seja bem- vindo a seu lar! Aproximou-se novamente, tocou cada uma das sobrancelhas arqueadas e depois brincou com os cílios longos. Nem percebia os violentos relâmpagos que castigavam o Texas, concentrada no belo homem que tinha a seus pés. Os trovões eram fortes, mas Sheila não sentia sequer as vibrações do solo. A chuva caía furiosa sobre a mansão, trazendo uma friagem penetrante. Ela, no entanto, era atingida unicamente pelo calor do corpo de Kane. Com os olhos, seguia o caminho trilhado por seus dedos ao longo do nariz aquilino. — Sabe, rapaz, perdi o fôlego quando o vi pela primeira vez. Vou dizer algo que não diria se você estivesse consciente: desde o instante em que encarei seus olhos cinzentos tive a certeza de que seria meu. Sheila acariciava, com as costas da mão, o queixo do homem desmaiado. Levou um dedo aos lábios grossos, tentando adivinhar que sabor teriam. Molhou seus próprios lábios com a língua. — Vai pensar que sou maluca, eu sei. Mas você é meu, Kane Stone. Num gesto atrevido, curvou-se e colou sua boca à dele. Sentiu, deliciada, o ar quente da respiração do homem e, com a língua, percorreu o contorno suave dos lábios que tanto desejava. Relutante, afastou-se. Não sabia muito sobre ele. Talvez fosse casado, pai de alguns filhos. Algo, no entanto, lhe dizia que não. Para certificar-se, pegou outra vez o passaporte e o abriu ...

No local reservado para o nome da esposa, encontrou apenas três gloriosos “X". — Então é solteiro. Ainda! Sorriu, exultante. Colocou a mão sobre a dele e deixou os dedos seguirem as veias que se sobressaíam no braço bronzeado. Kane era alto, de ombros largos, tórax musculoso. Tinha o físico de um atleta, mas eram visíveis algumas marcas de cansaço, como olheiras e linhas de tensão no rosto. Sheila afastou-se um pouco, à procura de um ângulo que lhe desse boa visão geral. — Sente-se confortável, meu amor? Ainda inconsciente, Kane pareceu esboçar uma careta. Ela sorriu. — Não gosta de ser chamado assim? Não deve gostar, a julgar por seu espírito livre e aventureiro. Não tem problema. Com o tempo, acaba por se acostumar. Ele se mexeu e Sheila voltou a repor a compressa de gelo: Olhou interessada para o tórax desnudo, onde se destacava uma linha de pêlos escuros que percorria a barriga e desaparecia sob a cintura da calça jeans. Então ela pousou a mão sobre aquele peito musculoso, descobrindo manchas roxas à altura das costelas. Interrompeu a carícia no limite do tecido, mas deixou que seus olhos avançassem vagarosamente até atingirem a ponta dos pés descalços. Talvez estivesse mesmo maluca. Passara os últimos dez de seus vinte e sete anos de vida à procura daquele sentimento, e agora estava disposta a tudo para desfrutá-lo. Sempre fora uma romântica incurável. Mesmo rodeada por uma família que exibia vários casamentos bem-sucedidos, afugentara todos os homens que dela se aproximaram justamente por nunca ter experimentado o momento mágico do amor. Seu irmão costumava brincar, afirmando que os seus nervos de aço acabariam por criar uma couraça espessa, que a impedia de se apaixonar. Sheila teve vontade, mais uma vez, de tocar Kane e certificar-se de que aquilo era real. Iniciou o movimento, mas o interrompeu, sorrindo. Estava trêmula! Olhou para a outra mão e verificou que também tremia. Ali estava a prova de ...

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