Livro: Inesquecível Amor Página 3

... tas de chuva tamborilavam contra as vidraças. Usando a perna, o homem forçou seus pés para trás e para os lados, de tal modo que, para manter o equilíbrio, Sheila se viu obrigada a apoiar a testa na parede. Era um truque utilizado freqüentemente por policiais, e ela tomou nota mentalmente desse detalhe. Decidiu permanecer quieta e obter o maior número de informações sobre seu adversário antes de se decidir por uma ação. Até o momento, uma única explicação era possível: fora capturada por um ladrão. A julgar pela distância e pelo som da voz, devia ser um homem de cerca de um metro e oitenta. E, coisa estranha, sua loção após barba a estava deixando louca, recordando-lhe tardes de verão e banhos de sol. Aquilo era incomum! Ladrões, em geral, não cheiravam tão bem. — Pensei ter esclarecido tudo em Paris. Seus amigos não levaram a mensagem até seu chefe? Eu o alertei para não mandar capangas atrás de mim outra vez. Talvez tenha chegado a hora de ser mais duro. A voz grave assustou Sheila, que sentiu os cabelos se arrepiarem. O tom de ameaça era perturbador. Tentou relaxar os ombros, mas o homem estava atento. — Fique quieto! Mantendo a arma engatilhada, ele correu a mão livre pelos tornozelos dela, em movimento ascendente. Quando os dedos se aproximaram da parte interna de suas coxas, Sheila prendeu a respiração. A busca foi interrompida por um segundo, como se o homem estivesse surpreso. Pouco depois, ele apalpou sua cintura. — Estranho. Desde quando a companhia passou a contratar garotinhos para fazer um trabalho sujo? Ou você faz parte de outro grupo? Sheila sabia que ele não esperava resposta, e não estava propensa a abrir a boca e se entregar. Afinal, ele não demoraria a descobrir a verdade. Ela sorriu ao sentir sua jaqueta de couro ser aberta. Uma mão rude percorreu seu ventre. Ouviu um suspiro de surpresa e fechou os olhos. Cada músculo de seu corpo estava tenso quando ocorreu o toque em seu seio esquerdo. � ...

Com os diabos! Como para confirmar a suspeita, Kane envolveu o seio perfeito e bem moldado. O choque não durou muito. Recuperando a calma, ele acendeu a luz do abajur que ficava sobre a mesa. — Está bem, garota. Vamos dar uma olhada em você. Aquelas palavras certamente não eram um galanteio. Pelas costas da jaqueta, ele a puxou, fazendo com que seu corpo girasse. Ao mesmo tempo, retirou o capuz, libertando os cabelos castanhos ondulados, que alcançavam os ombros e se espalhavam em desalinho pelo belo rosto de Sheila. Ela sentiu dor quando dedos fortes, pouco gentis, prenderam seus cabelos, obrigando-a a virar-se para a luz. Encolheu-se toda, atemorizada com a perspectiva de mais uma vez ter de encarar o cano de um revólver. Resignada, abriu os olhos, e deparou com um homem sem camisa. Alguma coisa estava errada! Não era possível ter se encontrado com um ladrão alto, seminu, que cheirava bem e falava com sotaque francês. Baixando os olhos, viu-se frente a frente com a arma de seu agressor: uma garrafa vazia de cerveja, importada, é claro. A fúria e a indignação fizeram com que ela corasse. Sentia-se uma completa idiota. A despeito da dor, moveu a cabeça para enxergar o rosto do homem que a capturara. Tinha um sem número de perguntas na ponta da língua, mas permaneceu muda, absolutamente atônita. — Bem, mocinha, digamos que você é uma surpresa! Os olhos cinzentos que a encaravam cintilaram e Sheila teve a certeza de que seria capaz de ver seu próprio reflexo se olhasse com maior atenção. Respirou fundo mais uma vez, perplexa com a beleza do homem à sua frente. Ao longe, ouviu-se o ribombar de um trovão. Com o fôlego curto, a garganta quase fechada, ela imaginou que muitas outras mulheres experimentaram sensação idêntica ao se verem próximas daquele homem, o mais bonito e o mais impressionante que já conhecera. Um puxão forte e dolorido em seus cabelos a trouxe de volta à realidade. Era irônico. Ali estava ela, talvez a p ...

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