Livro: Desejo traiçoeiro Página 4

... nos atrás e até mesmo de há vinte anos. Alguns deles eram dos anos setenta. Ao contrário de muitas actrizes em início de carreira, Julia não teve de lutar por conseguir um lugar ao sol, transformando-se numa estrela. Nascera para deleitar o resto dos mortais. Tinham circulado histórias sobre a sua vida amorosa e rumores de que sempre mantivera relações mais íntimas com todos os galãs com quem contracenava. Tinha-se chegado mesmo a dizer que ela era uma devoradora de homens, tendo havido inclusivamente boatos de adultérios, que tinham conseguido avivar a chama do escândalo e da fama. No entanto, apesar de tudo isso, Julia tinha sido muito querida pelo público e por aqueles que acreditavam conhecê-la. Quinn pensava em tudo isto, enquanto pedia outra cerveja. Fosse qual fosse a verdade, ela sempre se mostrara serena, com aquele ar de quem é inatingível. Havia muitas fotografias e, embora não as quisesse ver, sentiu-se irremediavelmente atraído pela sua beleza. Tinha o cabelo tão louro que parecia prateado, a pele branquinha, os olhos verdes e uns lábios carnudos que faziam perder a cabeça a qualquer homem. Julia Harvey tinha tido tudo. Então, porque é que tinha escolhido abandonar tudo? O que é que a tinha levado a deixar a sua carreira? Guardara segredo, fosse ele qual 10 fosse, durante dez anos. Será que Hector não se dava conta de que não ia conseguir fazê-la falar agora? - Sinto muito por me ter atrasado, paixão. Susan Aitken pegou num banco e sentou-se ao lado dele, dando-lhe um beijo na face. Os seus lábios estavam gelados. Lá fora, a temperatura era muito baixa, chegando mesmo a atingir valores negativos, mas dentro do bar estava-se muito bem. - Não há qualquer problema - Quinn esforçou-se por sorrir e chamou o empregado, fazendo um gesto com a cabeça. - O que é que queres beber? - O habitual - contestou carinhosamente. - O que é que andas a fazer agora? - Vê tu mesma - respondeu, entregando-lhe o envelope com to ...

as as informações, esvaziando em seguida a cerveja, num único gole. Pediu outra ao empregado, afinal eram apenas garrafas de meio litro, mas apercebeu-se de que estava a beber mais do que era normal beber ao almoço. - Pickard quer fazer um programa com o perfil dela, se a encontrarmos. Susan inclinou-se sobre a folha que tinha à sua frente. Ao contrário de Julia, a sua beleza não era sensual; a sua figura baixa e a delicadeza das suas feições é que faziam dela uma mulher bonita. O pai chamava-a a sua Vénus de bolso e tinha toda a razão. - Julia Harvey - repetiu, pensativa. - Pensava que estava morta. - É o que muita gente pensa - Quinn tirou a documentação das mãos dela e encolheu os ombros. - Mas não está? - É evidente que não - Quinn sentiu que estava a perder a paciência e decidiu controlar-se. - Segundo o que Hector diz, está a viver numa ilha isolada das Caraíbas. Não sei como, mas conseguiu descobrir o seu paradeiro. Quer que eu tente falar com ela e a convença a cooperar connosco. - Tu! - exclamou Susan, arregalando os seus olhos 11 azuis. - Porque é que hás-de ser tu? Esse não é o teu trabalho. - Não, não é - confirmou ele, sem saber ao certo o que lhe poderia contar. - É só porque. Bem, a minha mãe foi fã dela. - Só a tua mãe? - Mas, estás a pensar que.? - Quinn começava a defender-se, quando se apercebeu de que Susan estava só a brincar. Tinha uma expressão maliciosa e apenas ficou tensa ao notar o tom agressivo que ele estava a usar. - Era da época da minha mãe e não da minha. Não me aborreças. - De qualquer forma, não sei o que é que a tua mãe tem a haver com tudo isto, por mais fã que fosse dela. - Eram. amigas - acabou por dizer, contrariado. Bem, conheciam-se bem. Ela, estou-me a referir a Julia Harvey, passou vários fins-de-semana em Courtlands. - A sério? - Susan olhou-o fixamente. - Nunca me tinhas contado. - E porque razão é que o havia de fazer? Isso aconteceu muito antes de ...

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