Livro: Desejo traiçoeiro Página 3

... parente? - Pode ter tido alguma razão. No entanto, Quinn não se lembrava de nenhuma. Durante anos tinha tentado encontrar uma explicação, até que o tempo e a sua própria desilusão acabaram por o curar dessa doença. - Se tivesse havido uma boa razão, ter-se-ia sabido. Este tipo de pessoas está permanentemente vigiada pela imprensa sensacionalista, a imprensa do coração. Nós tínhamos sabido. E a verdade, é que não tenho a menor ideia do que possa ter acontecido. Uma mulher que contracenou com tantas estrelas famosas, um belo dia decide simplesmente desaparecer. Durante dez anos foi uma das actrizes mais bem pagas de todos os tempos. Escolhia os papéis que queria interpretar e os galãs com quem queria contracenar. E, de repente, o que é que sucede? Tem uma discussão com a Intercontinental, só Deus sabe porquê, e desaparece de cenário - estalou os dedos. - Assim, sem mais nem menos. Não te parece que os seus fãs têm o direito de conhecer a verdade que está por detrás desse desaparecimento repentino? Hector tinha uma certa razão. As pessoas gostavam sempre dos mistérios. Começar uma nova série de Timeslip com um nome como Julia Harvey iria aumentar o nível de audiência, sem dúvida alguma. Para além disso, durante anos circularam rumores de que tinha morrido. Revelar o contrário seria um” golpe de mestre. O que diabo é que teria andado a fazer ao longo de todos aqueles anos? Há muito tempo que pensava que talvez também lhe devesse uma explicação. A verdade é que a curiosidade começava a aumentar cada vez mais. Será que Hector conhecia realmente o seu paradeiro ou será que aquela suposta viagem de Neville Hager tinha sido apenas uma armadilha para suscitar a sua curiosidade? 8 - Interessado? - perguntou Hector; parecia ter adivinhado que Quinn começava a aceitar a ideia. Meu Deus, há dez anos que não a via. Dez anos a partir do momento em que tinha começado a brincar com ele. Porque razão é que hesitava tanto em ...

tornar a sua vida pública? Já não era uma jovem imatura. E a verdade é que não lhe devia nenhum favor. - Onde é que ela está? - indagou, bastante desconfiado. - Vais fazê-lo? - inquiriu Hector cautelosamente. - Por acaso, deixas-me alguma alternativa? - se não queria perder o seu lugar, ia ter de aceitar o trabalho. Farei o que puder - disse, tirando as mãos dos bolsos. Mas não te prometo nada. Pode-se recusar a falar comigo. - Duvido - Hector observou-o, irónico. - Sei de fonte limpa que és precisamente o tipo de homem que ela admira. Moreno, atraente. É uma pena que fosses tão jovem quando conheceu a tua mãe. Caso contrário, poderias ter-me contado algumas histórias inéditas, histórias que nunca vieram a público. Quinn ficou imediatamente de sobreaviso de modo a não deixar transparecer nada. Quando Julia desapareceu, a mãe dele ficou preocupadíssima, questionando sempre o porquê. E, embora ela nunca tivesse sabido da sua relação, sempre o culpou pelo sucedido. Sofrera muito com toda aquela situação. Agora, que a mãe tentava pôr em ordem os seus sentimentos, a última coisa que desejava era falar-lhe de Julia. Se a mãe não tivesse sido uma fã incontestável de Julia, se não tivesse convencido o marido a organizar uma gala para a poder conhecer, ele jamais a teria conhecido, nem elas se teriam tornado tão amigas. - Então, onde é que está? - perguntou, sabendo que seria uma perda de tempo. Julia Harvey nunca iria aceitar fazer o que Hector queria. - Em São Jacinto - contestou Hector com uma expressão 9 triunfante. - É uma pequena ilha que fica perto das Caimanes - prosseguiu, enquanto se servia de outro whisky. - Duvido que haja muita gente que a conheça. Imagino que tenha vivido ali todos estes anos como uma espécie de reclusa. Durante o almoço, sentado ao balcão de um bar, Quinn deu uma vista de olhos pelos papéis que Hector lhe tinha dado, sobre Julia. Incluíam recortes de jornais e revistas de há dez a ...

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