Livro: Desejo traiçoeiro Página 2

... de produção a pensar que é melhor do que os outros. - Não disse nada disso - Hector tinha sido muito bom com ele e não tinha vontade alguma de estragar a amizade que existia entre eles. - Apenas acho que devemos abordar o tema de uma forma diferente. O facto de investigar a vida privada de pessoas que tu próprio admitiste serem simples nomes do passado, não vai atrair a atenção do espectador. - Não concordo - para infelicidade de Quinn, Hector ainda não estava preparado para se dar por vencido. Bem, reconheço que os rostos que divulgámos até agora não cativaram o público. A segunda série vai ser muito melhor. Não podes negar que as pessoas iriam gostar de conhecer a vida de Marilyn Monroe, suponhamos, caso continuasse viva. - Mas Marilyn Monroe está morta. É por isso que continua a ser notícia - acrescentou num tom suave. Se estivesse viva, duvido que o público se interessasse por ela. A brevidade da sua vida e as circunstâncias que rodearam a sua morte, é que fazem com que continue a ser notícia. - Bem, penso que Marilyn Monroe é um caso especial. No entanto, não quer dizer que a ideia não seja boa. Aposto que nos poderias dar uns nomes muito interessantes, se quisesses - Hector fechou ligeiramente os olhos. - Não te contratei apenas pela tua linhagem. - Sempre acreditei que o tinhas feito por ser competente no meu trabalho - contestou Quinn friamente. Não me vais dizer agora que foi a minha posição social que te levou a dares-me o cargo que ocupo. Pelo amor de Deus, Hector! Não estás à espera que te dê informações sobre as minhas amizades! - Não. Só quero que fales com Julia Harvey. - Nem pensar - declarou Quinn, endireitando-se. - E porque não? - É, bem, era amiga da minha mãe. - Mas não é uma amiga íntima, nem um membro da família. Jamais te pediria que cogitasses histórias dos teus amigos mais próximos, Quinn. Julia Harvey esteve retirada da vida pública durante tanto tempo, que não acredito que repr ...

sente qualquer tipo de ameaça nem para a tua mãe nem para ti. - Não. Não o farei. Procura outra pessoa, não me quero envolver nesse assunto. - Mas já estás envolvido! - exclamou Hector, irritado. - Para além disso, não tenho tempo para procurar mais ninguém. Talvez ela já se tenha assustado. Está cá, em algum sítio, Quinn, eu sei. Se me fazes perder esta oportunidade, é possível que nunca te perdoe. - Um momento. Disseste que alguém a encontrou. Para que é que precisas de mim? - Bem, julgo que sei onde está, mas Neville não a viu. Embora isso não signifique que não esteja lá. Significa apenas que ele não a conhece e que não poderia saber quem é, mesmo que a tivesse à frente dos olhos. - Então, isso quer dizer que já tentaste marcar uma entrevista com ela, não é verdade? - Afinal, o que é que acabei de dizer? - Hector tentou-se defender. - Ouve-me. Qualquer pessoa com a reputação dessa senhora não pode estar à espera de permanecer na sombra eternamente. Olha, Quinn, olhou-o com uma expressão agressiva - entendo que este assunto te iniba e que sintas que lhe deves um mínimo de lealdade, por ela e a tua mãe terem sido amigas há muito tempo atrás. Mas deixa-me dizer-te que estás enganado. Vivemos num mundo cruel, Quinn. Mulheres que foram uma lenda, como Julia Harvey, não podem estar à espera de se conseguirem manter no anonimato a vida inteira. Era feliz quando o público a bajulava. Porque é que acha que pode renunciar a tudo sem sequer dar uma explicação? Quinn sentiu-se invadido por uma onda de cólera. - E acreditas que por ter sido uma figura pública, a sua vida privada é também propriedade de toda a gente? - Quinn, deixa-te de sentimentalismos. Sim, acredito que perdeu todo o direito ao anonimato a partir do momento em que pisou o primeiro estúdio de gravação. Estamos a falar de dinheiro, Quinn, de muito dinheiro. Porque é que uma mulher que ganhava tanto dinheiro atirou tudo ao ar sem uma razão a ...

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