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A Mensageira das Violetas

Livro: A Mensageira das Violetas

Autor - Fonte: Florbela Espanca

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... , de Florbela Espanca Fonte: ESPANCA, Florbela. A mensageira das violetas: antologia. Seleção e edição de Sergio Faraco. Porto Alegre: L&PM, 1999. (Pocket). Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo Permitido o uso apenas para fins educacionais. Texto-base digitalizado por: Luciana Peixoto Silva – Divinópolis/MG Este material pode ser redistribuído livremente, desde que não seja alterado, e que as informações acima sejam mantidas. Para maiores informações, escreva para . Estamos em busca de patrocinadores e voluntários para nos ajudar a manter este projeto. Se você quer ajudar de alguma forma, mande um e-mail para ou A MENSAGEIRA DAS VIOLETAS Florbela Espanca CRISÂNTEMOS Sombrios mensageiros das violetas, De longas e revoltas cabeleiras; Brancos, sois o casto olhar das virgens Pálidas que ao luar, sonham nas eiras. Vermelhos, gargalhadas triunfantes, Lábios quentes de sonhos e desejos, Carícias sensuais d´amor e gozo; Crisântemos de sangue, vós sois beijos! Os amarelos riem amarguras, Os roxos dizem prantos e torturas, Há-os também cor de fogo, sensuais. Eu amo os crisântemos misteriosos Por serem lindos, tristes e mimosos, Por ser a flor de que tu gostas mais! NO HOSPITAL À Théa Na vasta enfermaria ela repousa Tão branca como a orla do lençol Gorjeia a sua voz ternos perfumes Como no bosque à noite o rouxinol. É delicada e triste. O seu corpito Tem o perfume casto da verbena. Não são mais brancas as magnólias brancas Que a sua boca tão branca e pequena. Ouço dizer: - Seu rosto faz sonhar! Serão pétalas de rosa ou de luar? Talvez a neve que chorou o inverno. Mas vendo-a assim tão branca, penso eu: É um astro cansado, que do céu Veio repousar nas trevas dum inferno! VULCÕES Tudo é frio e gelado. O gume dum punhal Não tem a lividez ...
sinistra da montanha Quando a noite a inunda dum manto sem igual De neve branca e fria onde o luar se banha. No entanto que fogo, que lavas, a montanha Oculta no seu seio de lividez fatal! Tudo é quente lá dentro.e que paixão tamanha A fria neve envolve em seu vestido ideal! No gelo da indiferença ocultam-se as paixões Como no gelo frio do cume da montanha Se oculta a lava quente do seio dos vulcões. Assim quando eu te falo alegre, friamente, Sem um tremor de voz, mal sabes tu que estranha Paixão palpita e ruge em mim doida e fremente! O MEU ALENTEJO Meio-dia. O sol a prumo cai ardente, Dourando tudo.ondeiam nos trigais D´ouro fulvo, de leve.docemente. As papoulas sangrentas, sensuais. Andam asas no ar; e raparigas, Flores desabrochadas em canteiros, Mostram por entre o ouro das espigas Os perfis delicados e trigueiros. Tudo é tranqüilo, e casto, e sonhador. Olhando esta paisagem que é uma tela De Deus, eu penso então: onde há pintor, Onde há artista de saber profundo, Que possa imaginar coisa mais bela, Mais delicada e linda neste mundo?! PAISAGEM Uns bezerritos bebem lentamente Na tranqüila levada do moinho. Perpassa nos seus olhos, vagamente, A sombra duma alma cor do linho! Junto deles um par. Naturalmente Namorados ou noivos. De mansinho Soltam frases d´amor.e docemente Uma criança canta no caminho! Um trecho de paisagem campesina, Uma tela suave, pequenina, Um pedaço de terra sem igual! Oh, abre-me em teu seio a sepultura, Minha terra d´amor e de ventura, Ó meu amado e lindo Portugal! VOZES DO MAR Quando o sol vai caindo sob as águas Num nervoso delíquio d´ouro intenso, Donde vem essa voz cheia de mágoas Com que falas à terra, ó mar imenso? Tu falas de festins, e cavalgadas De cavaleiros errantes ao luar? Falas de caravelas encantadas Que dormem em teu seio a soluçar? Tens cantos d´epopéias? Tens anseios D´amarguras? Tu tens também receios, Ó mar cheio de esperança e majest ...

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