Livro: Balada de amor

... Luciana de Andrade Gardênia nº 5 Em meio à aristocracia inglesa, Tânia vive um sonho de amor impossível. Para Tânia, os momentos de alucinante paixão que vivera nos braços de Alex não passariam de um conto de fadas, um romance impossível entre um lorde e uma plebéia. Digitalização: Akeru Revisão: Projeto Revisoras Editora Tecnoprint Ltda., 1984. Todos os personagens deste livro são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas ou acontecimentos da vida real é mera coincidência. As nossas edições reproduzem integralmente os textos originais EDITORA TECNOPRINT LTDA. Capítulo 1 Com as sandálias nas mãos, os jeans arregaçados e os cabelos soltos dançando embalados pela brisa suave daquela tarde de junho, Tânia deixava que as ondas viessem afagar-lhe os pés. Seu rosto moreno, de linhas suaves e puras, mostravam sinais de tensão e cansaço que se iam dissipando enquanto ela, descuidada, fazia desenhos com uma varinha na areia úmida da praia. Um pescador, calmo e solitário, sorriu ao ver aquela moça tão jovem e bonita brincando como uma criança, correndo atrás da bola desviada de um joguinho de futebol, que uns garotos tinham organizado na areia fofa e brilhante. Preocupada em agarrar a bola que rolava em direção às águas, a jovem não reparou numa onda mais forte que se formava e que, rápida, molhou suas roupas. Ao invés de se zangar, Tânia soltou um riso claro e cristalino, que assustou os pombos que perambulavam na areia, provocando uma revoada. “Que lindo!”, pensou ela, acompanhando com os olhos os pássaros assustados. “Gostaria de ser um passarinho, um beija-flor, frágil e alegre, vivendo apenas da beleza das flores, sem preocupação com o futuro, sem batalhar inutilmente por um emprego.” O sorriso que brincava em seus lábios apagou-se. Estremeceu, subitamente consciente do frio que começava a fazer. A lembrança das decepções do dia curvaram-lhe os om ...

ros. De cabeça baixa, encaminhou-se para o calçadão, pensando nas entrevistas de emprego a que comparecera nos últimos meses. “É sempre a mesma coisa: recusada por falta de experiência. Mas como é que alguém pode adquirir experiência se ninguém está disposto a dar uma primeira chance a um recém-formado?”, pensou desanimada. Atravessou a rua correndo, pois ainda estava descalça e o asfalto duro machucava-lhe os pés. — Mamãe não vai entender nada ao me ver chegar assim desse jeito em casa — disse baixinho. Uma babá, que passava ao seu lado empurrando um carrinho de bebê, virou-se surpreendida por vê-la falando sozinha. — Eu, hein! —resmungou, enquanto passava. Tânia sentiu ímpetos de fazer uma careta para ela, mas deu de ombros e seguiu seu caminho, pensando: “Mas não vou desanimar nunca! Tenho certeza de que conseguirei algum emprego, isto é, se conseguir fazer que uma dessas pessoas ao menos examine as fichas de pedido de emprego que tenho preenchido.” O porteiro de seu edifício cumprimentou-a com ar divertido: — Sempre contente, hein, D. Tânia? — Nem tanto, nem tanto. — respondeu, enquanto remexia na pilha de correspondência em cima da mesa da portaria. — Hum, carta de Cynthia, que bom! — Pois é, essa moça está sempre escrevendo, não é? Deve ser muito sua amiga. — insinuou o porteiro, tentando entabular conversa. — Tem mais outras duas aqui, para sua mãe, mas deve ser propaganda, pelo jeito. Tânia pegou as cartas e, sem paciência para escutar a conversa do porteiro, não esperou pelo elevador e subiu correndo pelas escadas. Chegou em casa ofegante e precipitou-se para o quarto que sua mãe, pintora, arranjara como estúdio. Era um local adorável, com paredes repletas de telas de alguns amigos, de sua mãe e da própria Tânia. Também havia muitas reproduções de quadros famosos de Salvador Dali, que sua mãe adorava, algumas litografias, além de livros de arte arrumados numa pequena ...

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