Livro: Vestida para casar Página 2

... ainda. O semáforo mudou e os carros pararam à frente do farol fechado. Um conversível vermelho reluzente era o primeiro da fila. Um homem estava sentado ao volante, tendo como passageiro um Dálmata que tomava metade do assento traseiro. O motorista não estava olhando para a noiva a apenas alguns passos de seu carro, mas ela certamente o fitava. Aquele homem estava livre. Quando a luz do semáforo mudasse, ele podia ir tão longe quanto quisesse. A vetusta porta abriu-se de novo e a música alta soou de dentro da igreja. Seu pai mantinha a severa expressão de banqueiro. — Victoria, pelo amor de Deus, o órgão já está tocando a marcha nupcial. Venha. Já. As palavras tropeçaram na boca de Victoria: — Eu. Não posso continuar com isso. — O quê? — disse ele, as sobrancelha erguidas. — Sinto muito, papai. Você terá que lidar com tudo por mim. — Não seja absurda. Espere aqui. Vou buscar Ben. — Não! — vociferou ela e, com um apologético meneio de cabeça, colocou as flores nas mãos do pai. Ele ficou sem ação, parecendo incrédulo. Mas Victoria tinha acabado de pensar numa terceira opção. Podia correr, e assim o fez, deixando o pai tão atônito pelo seu comportamento que não lhe ocorreu impedi-la. A seguir, ela já sabia o que deveria fazer. Descendo a escadaria da igreja apressada, correu pela calçada até a esquina onde a luz estava mudando para amarelo e infiltrou-se entre os carros. Atrás de si, ouviu uma comoção e o pai gritando seu nome. Olhou por sobre os ombros e, de relance, viu seu noivo emergir à luz do sol, parar ao lado do futuro sogro e encará-la. — Victoria! — gritou Ben. Uma incrédula voz masculina surgiu de trás dela. — Mas o que está acontecendo? Ela virou-se para o motorista do conversível. Através do diáfano véu, viu um rapaz de boa aparência que beirava os trinta anos. Ele estava apontando em direção ao noivo e disse: — Aquele é Ben Rinaldi! Chocada, ela murmurou: R ...

3; Você o conhece? ― Estou indo para o casamento dele. — Você não irá mais. — O que está acontecendo, afinal de contas? - — Victoria! — gritou Ben mais uma vez. O sinal mudou de cor e as buzinas dispararam a tocar. Victoria, sem hesitar, abriu a porta do conversível e perguntou: — Importa-se de me dar uma carona? — Eu. Mas ela não esperou pela resposta. Acomodou-se no assento do passageiro, trazendo consigo centenas de metros de renda branca. — Espere aí — murmurou ele. Buzinas tocavam e Ben aproximava-se. — Vá em frente! — gritou ela enquanto batia a porta. O motorista, quase de modo inconsciente, obedeceu, e ela mentalmente o abençoou por isso. Victoria puxou para o lado o véu e olhou para trás. Seu pai e Ben estavam de pé na calçada, boquiabertos, enquanto o conversível prata afastava-se, levando filha e futura esposa. Benjamin sabia, ou podia imaginar, por que ela estava partindo. O pai dela, todavia, não tinha a mínima idéia. Fechando os olhos, sentiu o Dálmata lamber-lhe a face. David Cutter repreendeu seu cachorro, Dominó, quando conseguiu olhar para aquele mar de renda branca virginal a seu lado. A mulher lutava contra a ampla cauda do vestido e o véu, o qual removeu dos cabelos e depositou no chão, a seus pés. — Escute aqui. — começou ele. Mas então ela virou o rosto e David descobriu que, sem o véu, a bonita face feminina aparecia em toda sua plenitude. Os deslumbrantes olhos azuis eram límpidos como um lago de montanha. Os cabelos lisos e pretos estavam puxados para trás, revelando a pele marmórea da face rosada. O corpete justo do vestido delineava as deliciosas curvas dos seios. — Sim? — disse ela, com voz suave, porém, determinada. David ia exortá-la, dizer-lhe que ela não podia apropriar-se de seu carro daquela forma, dizer-lhe uma porção de coisas, principalmente o modo como ela acabara de abandonar Ben, mas a voz de repente ficou presa na garganta e ele ouviu-s ...

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