Livro: Uma Vida em Leilão
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... A Man Without Mercy Margery Hilton CAPÍTULO I Os passos de Gerda diminuíram ao chegar ao fim da escada. Não havia ninguém para notar aquela pausa ou o movimento automático de introduzir a chave na porta do apartamento número 27, do edifí¬cio Grafton. Na verdade, raramente havia alguém nos corredores discretamente iluminados da antiga mansão. A porta fechou-se silenciosamente, apoiada em batentes estofa¬dos, encerrando-a na solidão. Algum dia, ela entraria em casa e aquela horrível solidão se trans-formaria na paz de um lar, esperando-a para dar as boas-vindas à sua dona, mas esse tempo ainda estava para chegar, mesmo que já se tivessem passado seis meses da sua tragédia. Eles tinham razão, pensou Gerda com desânimo, enquanto enchia a chaleira e guardava as compras da semana no armário e na geladeira. Se ela tivesse le¬vado em conta todos os conselhos que lhe deram depois da morte de Blaise, teria procurado outro apartamento e se mudado para um lugar diferente, ou mesmo aceitado o convite que a mãe de Blaise havia deixado indefinidamente em aberto. Mas era-lhe insuportável pensar no lar calmo de sua sogra em Devon, onde compartilharia as lembranças de uma mulher idosa, do mesmo modo que seria pe¬noso desfazer-se do apartamento que Blaise lhe tinha dado com tanta afeição. Talvez seus amigos tão bem-intencionados tivessem razão; talvez fosse insensato permanecer rodeada por objetos que lhe lembravam Blaise constantemente, em vez de romper de uma vez com as recordações de um casamento tão lamentavelmente curto. Menos de dois anos, e ninguém, além dela e de Blaise poderia saber o quanto aqueles dois anos tinham passado depressa. O telefone tocou e ela abaixou o fogo da chaleira antes de passar para a sala. Do outro lado da linha estava Kathryn, como não podia deixar de ser. Gerda sorriu ao ouvir a amiga mais velha falar com tanta volubilidade. — Não, por favor, não conte comigo, Kath — disse Gerda. Assim que conseguiu ...

aproveitar a primeira pausa. — Sim, eu sabia que Lyle Kerrick estava na cidade por alguns dias. Encontrei-me ainda ontem com o irmão dele, mas eu já tinha planejado terminar umas tarefas aqui em casa neste fim de semana e não poderei ir. Você é um amor, mas eu. . — Já sei — foi o comentário impaciente de Kath —, você teve uma semana difícil no escritório e deve estar cansada. Olhe aqui. Gerda, já é tempo de alguém lhe dizer umas boas verdades. Você tem 22 anos, não 42. E já faz seis meses que Blaise morreu. Até quando você vai permanecer nesta situação? — Ela ouviu um sus¬piro do outro lado da linha. — Por que aceitou esse emprego? Você deveria era ter viajado, ir ficar com sua mãe durante alguns meses. Querida, você sabe que eu não estou querendo me intrometer, mas alguém tem que colocá-la novamente em circulação. Você não pre¬tende permanecer viúva para sempre, não é? — Sinceramente, uma coisa não tem nada a ver com a outra. O que eu não pretendo é usar meu fim de semana para me aproximar de um homem sem compromissos. Sobretudo quando esse homem é Lyle Kerrick. — Mas o que há de mal com Lyle? — Nada, só que não tenho a menor intenção de me envolver com ele ou com qualquer outro homem — acrescentou Gerda secamente. — Mas quem é que está falando em envolvimento? — disse Kathryn, magoada. — Eu apenas me preocupo com você e acho que já é tempo de algum rapaz simpático convidá-la para sair, levá-la para jantar, dar-lhe um bom vinho, deixá-la deliciosamente embriagada e fazer amor com você. Remédio melhor não há! — Talvez, se você souber exatamente o que está tentando curar. Ouça, Kath, preciso desligar, a água está fervendo. Sei que você está tentando me ajudar e agradeço de todo coração, mas vamos deixar para outra ocasião, talvez. — Está certo — Kathryn suspirou. — Mas eu não vou permitir que você se entregue desse jeito. Blaise jamais desejaria que você ...

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