Livro: Náufragos do Destino Página 2

... manas, assim que o divórcio fora homologado. Estava contente por tudo haver terminado e tinha certeza que Rod também. Ainda assim era triste. Duas pessoas não podem viver juntas dois anos e não sentir nada ao se separarem. Restava o sofrimento. A sensação de culpa. Será que fora culpada? Será que fora intolerante? Vivia repetindo que simplesmente, não havia dado certo. Ninguém tinha culpa. Rod dizia a mesma coisa. No entanto, as indagações permaneciam. A única coisa de que tinha certeza era que não queria se envolver com homem algum até ter absoluta certeza, não dele, mas de si mesma. Sabia que isso poderia levar anos, mas estava decidida a não repetir o erro de dois anos atrás. Ela sabia que não poderia enfrentar o frio de Nova York e disse isso à sua mãe, quando a visitou em Southampton. Esta lhe sugeriu a Europa, mas Katia tinha muitos conhecidos lá. Finalmente, sua mãe achou a solução perfeita: a casa de tia Alice na Baía Montego. A casa era enorme e, além de gostar de receber os amigos, tia Alice adorava Katia, que nunca tinha ido até lá. Katia foi direto ao telefone e combinou tudo. E agora lá estava ela, pensando se tinha agido corretamente. Os comissários de bordo, vestidos em trajes jamaicanos, ofereciam bebidas exóticas e comida típica. A excitação começava a superar a angústia. O vôo parecia ter durado menos que as três horas e meia que realmente durou. Apreciando a exuberância da ilha, ela se lembrou da vista aérea de Nova York, cheia de aço, vidro e concreto, e ficou contente por ter vindo. O chofer de tia Alice esperava-a com um Rolls-Royce no aeroporto e, depois de andar dez minutos de carro, Katia sentiu-se como se estivesse atravessando uma floresta. As árvores estavam tão próximas, em ambos os lados da estrada asfaltada, que as folhas batiam no carro. Havia uma abundância de cedros, mognos, paus-rosa e árvores que ela nunca tinha visto. Subindo a estrada sinuosa que contornava a colina era possível ...

er o colorido de muitas flores em meio ao verde da floresta: babosas, iúcas, orquídeas selvagens. E, aqui e ali, o amarelo pálido dos bambus. De repente, e sem aviso, o carro estava no caminho de cascalho que contornava a casa de colunas brancas. A mansão parecia ter brotado do matagal e lá estava tia Alice: magra, alta e bonita. Henry, o chofer, abriu a porta do carro, e tia Alice, descendo apressadamente os poucos degraus da varanda, veio ao encontro da sobrinha. — Katia! Que bom que está aqui! Minha querida, como é que você está? — Ah, tia Alice, como é bom ver você. Eu estou bem, e me parece que você também. Tia Alice pegou-a pelo braço, dizendo: — Venha, o chá está pronto. Conduzida pelo braço, Katia atravessou o amplo salão de recepções e viu-se na pequena sala de estar onde esperava por elas uma bandeja de chá. Sentaram-se frente a frente em confortáveis cadeiras inglesas. — A viagem foi boa, querida? — perguntou tia Alice, enquanto servia o chá. — Não poderia ter sido melhor — respondeu Katia. — Para falar a verdade, foi mais do que isso, foi emocionante. E eu queria tanto ver você e estar aqui. — E livrar-se do que ficou para trás — completou tia Alice, enquanto lhe dava uma xícara de chá. — Eu sinto tanto! Quero dizer, sobre você e Rod. Tenho certeza de que você agiu corretamente, mas mesmo assim é triste. — Sim, é triste. Mas como é que você sabe? Nunca passou por isso. — Não tenha tanta certeza. Há muita coisa na minha vida que você não conhece. Mas você está certa. Nunca aconteceu nada parecido entre mim e Alex. Foi amor à primeira vista, quando nos encontramos em um baile em Londres e estávamos, se é que isso é possível, mais apaixonados ainda quando ele morreu, trinta e cinco anos depois. Sir Alex, eu sempre o chamei pelo título, foi o melhor homem que já conheci. E agora tudo o que tenho é o seu dinheiro e seu título. Abandonaria tudo para tê-lo de volta, porém, ...

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