Livro: Vendaval Página 2

... de suas vidas. Prantearam seus mortos e começaram a remover os destroços, salvando o que podiam de suas casas, lojas e escritórios. Alguns iniciaram a reconstruir suas vidas imediatamente; outros simplesmente abandonaram o que restou e mudaram-se, em busca de lugares onde a morte e a destruição não os surpreendesse no meio da noite. Alguns perderam mais que outros, naquela noite, mas nenhum integrante da pequena comunidade de Dry Creek, Oklahoma, escapou ileso. O "pequeno" tornado era um espectro que os assombraria pelo resto de suas vidas. CAPÍTULO I O céu era uma imensidão azul que se estendia por muitos quilômetros. Algumas nuvens flutuavam ao longe, mas o clima era tão calmo que elas nem mudavam de forma enquanto vagavam lentamente sobre o deserto. No topo de um penhasco na Montanha da Sombra, as correntes de ar apresentavam características bem diferentes. A brisa suave que soprava sobre o deserto da Califórnia mudava sua direção ao bater de encontro aos cento e cinqüenta metros de rocha, produzindo correntes ascendentes, que adquiriam alta velocidade ao atingir o topo. Para alguém que desejasse tomar um banho de sol, seria perfeito; para um piloto de asa-delta à procura de um ponto de lançamento, era extremamente perigoso, o que tornava a situação ideal, na opinião de Amanda 0\'Brien. Concentrando a atenção no terreno acidentado e no medidor de vento em suas mãos, a mulher alta e esbelta caminhou na direção do precipício. Encontrou grande turbulência a pouco menos de dez metros da extremidade, mas as correntes de ar tornavam-se mais previsíveis à medida que se aproximava da beira do penhasco. Embora o vento agitasse as mechas soltas de seus cabelos castanho-claros e fizesse seu uniforme de náilon vermelho aderir a seu corpo, ela não se incomodou. Com a concentração absoluta, que era sua marca registrada, visualizou o salto e o trajeto do vôo. Tentou imaginar tudo o que poderia dar errado e as po ...

síveis soluções. Copper Bottom, seu ponto de aterrissagem, encontrava-se a vários quilômetros de distância. Antes de alcançá-lo, ela teria de ganhar altura suficiente para sobrevoar dois cumes potencialmente perigosos. Seu vôo também incluiria uma manobra de trezentos e sessenta graus, além do pouso, que deveria ocorrer não mais que seis metros fora do alvo. E teria de fazer tudo isso sob a supervisão de um observador registrado e abalizado. Se conseguisse, estaria apta a receber o certificado de piloto Hang Five. Do contrário, as alternativas iam de ligeiro embaraço até ferimentos graves. ou morte. No entanto, os riscos envolvidos não preocupavam Amanda. Diretora de filmes documentários de ação e aventura, construíra- sua carreira enganando a morte e havia apreciado cada minuto de perigo. Comparado ao que fizera em seus trinta e seis anos de vida, voar de asa-delta era tão tranqüilo quanto sentar-se em uma cadeira de balanço na varanda. Embora praticasse o esporte havia anos, em momentos de lazer, só passara a levá-lo a sério recentemente. No momento, tomava aulas com o renomado instrutor Duke Osterman, que exigia que ela dominasse suas tendências impetuosas e só fizesse manobras seguras. O método de Duke funcionara. Agora, Amanda estava preparada para algo tão perigoso quanto um salto do topo de um penhasco de cento e cinqüenta metros de altura. — Amanda! Papai já se posicionou! O vento carregou a voz tão depressa, que Amanda mal ouviu as palavras. Afastou-se do precipício e dirigiu-se para onde se encontrava a asa-delta e Carl Osterman, de vinte e cinco anos, filho e sócio de Duke na Sky Sail International. Ao longo do último ano, pai e filho haviam atuado como seus instrutores e, durante o processo, os três haviam se tornado bons amigos. — Papai já colocou o alvo no ponto de aterrissagem — Carl informou, estendendo-lhe um walkie-talkie — Ele quer falar com você. — Obrigada, Carl. — Amanda guardou o medi ...

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