Livro: Amarga vingança Página 3

... aixão, amava os pacientes, brincava com os médicos e ficou aliviada quando viu Gina, estava sozinha há algumas semanas. — Depois de passar algum tempo aqui, vai achar que a vida do hospital é um paraíso — disse com um sorriso acolhedor. — Os pacientes dos hospitais ficam deitados o tempo todo! E não podem telefonar para você! — Mas podem tocar a campainha! — retrucou Gina rindo, percebendo que estava entrando num campo desconhecido, onde não podia recorrer à autoridade, como no hospital. Por alguns instantes duvidou da escolha feita. Não havia garantia alguma de que ia descobrir a verdade sobre Nicholas Wain, ou sobre o passado dele. E, se assim fosse, teria desistido da carreira por nada. Arriscou: — O Dr. Lorrimer é muito engraçado! — E popular também, como o Dr. Wain, só que de modo diferente. — Olhou para Gina com curiosidade. — Mas sei que está acostumada a lidar com médicos, portanto não terá problemas. O Dr. Everet é mais carrancudo, mas você logo se acostumará. Quando conhecer a esposa dele, aprenderá a fazer concessões! — E quando vai ser isso? — No Natal. Todos os anos fazemos uma festa; falta só um mês! — Judy cobriu a máquina de escrever elétrica e apontou para uma porta. — Aquela é a sua sala! Todas as fichas dos pacientes estão lá. e o telefone "quente" também! Não pára um só instante. Agora preciso ir embora correndo: meu marido detesta ser o primeiro a chegar em casa. Ainda bem que não temos filhos! Que bom que você é jovem. A última que trabalhou aqui, a srta. Mitchel, era uma solteirona de quase cinquenta anos. Para ela, tudo era "desagradável" ou "revoltante". Ficou pouco tempo; ainda bem que o Dr. Wain logo se livrou dela. Até logo! Ou até amanhã? — E saiu correndo, parecendo mais uma mocinha de dezoito anos do que uma mulher de trinta. Gina ficou sozinha no escritório e abriu as pesadas cortinas, que davam para uma paisagem toda branca. Nevava bastante. Ah, depois da ag ...

tação e correria do hospital, parecia estar isolada. Não sabia exatamente o que devia fazer naquele instante. Nicholas Wain a deixou falando com a sra. Masters, mas não tinha se despedido. Caminhou até o amplo corredor das salas de operações. — Perdida? — perguntou uma voz. — Sim. Não sabia se ainda ia falar comigo, Dr. Wain. — Claro que sim, mas pensei que quisesse conversar a sós com Judy: é uma pessoa maravilhosa. — Foi o que achei. Imagino como deve ter dado duro ultimamente. Mas o senhor mencionou uma cirurgia. — Sim, já está quase na hora. Não é um caso muito complicado e já visitei os pacientes em estado mais grave. — Posso ficar, pelo menos para receber os pacientes? — Seria maravilhoso. Vai encontrar aventais brancos no armário de roupas! — Lançou-lhe um olhar cheio de curiosidade. — Talvez queira jantar comigo depois. A sra. Baker, minha empregada, está acostumada a visitas inesperadas. — Hesitou. — E acertaremos os últimos detalhes sobre sua contratação, está bem? — Ótimo! Não me preocupei com o estoque de comida do chalé! Tudo que sei é que o aquecimento central está funcionando! Prefiro sentir fome a morrer congelada. Enquanto falava, Gina concluiu que ele não devia ser casado, senão teria mencionado a esposa. Era surpreendente que um homem tão atraente continuasse solteiro. Olhou para o Dr. Wain, tomada de uma estranha excitação diante de tanta virilidade. — Infelizmente ainda há muitos velhos com fome e frio! — Havia franqueza e compaixão em sua voz. — E, agora, à cirurgia! Gina encontrou um avental e vestiu-o, lembrando-se dos velhos tempos de pronto-socorro. A noite estava fria demais para hipocondríacos e falsos doentes. Cortes, escoriações, queimaduras e alguns casos de tosse e febre, pois o tempo era desanimador. Uma paciente persistente, a sra. Bruce, já na casa dos sessenta, falava pelos cotovelos enquanto Gina enfiava as luvas de borracha. A sra. Bruce estava an ...

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