Livro: Auge da Paixão Página 3

... aqui? — ecoou, jogando os pratos no lixo. — Não sabia que a KE tinha algum projeto local. — Como engenheiro civil, a especialidade de Jason era o controle de mananciais em países do Terceiro Mundo, um assunto interessante que Emily costumava mencionar quando conversava, ainda que não entendesse bem do que se tratava. Ele nunca trabalhara num projeto local. — Não tem a ver com a empresa — Jason respondeu. — Assuntos pessoais? — ela perguntou. — Você se refere à família? — Pensou no pai taciturno de Jason e no irmão descontrolado que se casara com sua irmã. Algum deles estaria com problemas ou doente? Emily franziu a testa e o viu retorcer os lábios num sorriso compreensivo e sacudir a cabeça. — Você é cheia de perguntas, não é? Não. Para dizer a verdade, não é nada com a minha família. É pessoal. — Esticou a palavra, fazendo com que se sentisse a criança malcriada que sempre deveria ter sido aos olhos do adolescente descolado e do homem de vinte e tantos anos. A maturidade de Jason e a sua sofisticação sempre tinham sido endeusadas. Enquanto colocava aparelho nos dentes, ele começava a montar a empresa e a amealhar o seu primeiro milhão. — Não vou mais perguntar. — Ela sorriu e resolveu esquecer, embora a sua curiosidade tivesse sido aguçada. Que tipo de problema pessoal Jason Kingsley poderia ter? No escritório todos especulavam a respeito da vida pessoal do patrão: quando estava em Londres aparecia de braços dados com uma mulher diferente em cada evento e sempre mulheres lindas e sofisticadas que, na opinião de Emily, não serviam para ele. Porém, nunca o vira ter uma namorada firme e jamais pensara no assunto. Claro que não o via muito, e apesar de suas famílias serem ligadas pelo casamento de sua irmã mais velha com o irmão mais novo de Jason, raramente ele ia a Highfield, a cidadezinha em Surrey onde haviam crescido. E afirmara não ser problema de família. Então, o que seria? Depois de um tempo ...

Emily concluiu que não tinha nada a ver com os assuntos pessoais de Jason. Com certeza seria algo extremamente aborrecido, como saldar uma antiga dívida ou cuidar de uma unha encravada. Imaginou Jason sentado numa mesa de exame, vestido num bizarro avental de papel. A imagem era ridícula, mas ao mesmo tempo fascinante porque lhe dava uma ideia de como seria o seu peito nu. Emily tentou abafar uma gargalhada, cobrindo a boca com a mão. — Você sempre vê o lado positivo da vida, não é? — ele perguntou secamente, balançando a cabeça. Ela abaixou a mão e sorriu. — É uma das minhas qualidades, embora dificilmente se manifeste quando eu estou com certas pessoas. — Ela viu que o irritara e o seu sorriso aumentou. Emily sabia que Jason reprovava a sua atitude despreocupada e se lembrava de como parecera cético quando ela chegara a Londres e lhe pedira um emprego. Pensando bem, ela fora um tanto inconsequente, achando que ele lhe teria um cargo, mas Jason também não escondera que duvidava da sua capacidade. Você está aqui para trabalhar, Emily, não para brincar. Bem, esperava ter provado algo durante aqueles cinco anos. Tornara-se a mais jovem diretora de RH que a empresa já tivera — a empresa só tivera duas, antes dela — e, de acordo com Stephanie, Jason sugerira pessoalmente a sua promoção. Apesar disso, quando o via olhar com aquele sorriso de condescendência, Emily ainda se sentia a garota tola que havia sido, e que ele, apesar da promoção, ainda parecia achar que fosse. — Então Stephanie vai se casar dentro de um mês. — disse Jason. — Este tal Timothy é. um bom rapaz? — Ele é adorável. Aliás, fui eu que os apresentou. Jason a fitou com ironia, como sempre. — Verdade? — Verdade — respondeu de pé atrás. — Tim é amigo de uma amiga de Isobel e ela me disse que Annie lhe contou. — Isto está ficando muito complicado. — Talvez, para você — Emily retrucou. — Acho muito simples. Annie disse. — Co ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: