Livro: Auge da Paixão Página 2

... sucesso, mas eu não esperava que fosse diferente. Sucesso, não diversão, Emily pensou. Era típico de Jason. — E por que não? — ela perguntou curiosa. — Você é uma socialite muito ocupada, pequena Em. Emily se arrepiou porque aquilo não soara como um elogio. Só porque gostava de festas, não se tornava uma socialite cabeça de vento. E ficara surpresa ao ouvir o apelido de infância com que só Jason costumava chamá-la, puxando-lhe as trancas e sorrindo com condescendência, só que de maneira mais íntima. Não se poderia dizer que a conhecia agora. Embora trabalhasse na sua empresa, mal o vira durante os cinco anos que estivera na KE. E não se lembrava da última vez em que ele a chamara de Em. — Não sabia que você acompanhava as minhas atividades sociais — ela brincou. — Considerando a nossa história, é minha obrigação. Aliás, você aparece tanto nas colunas sociais que seria difícil não notá-la. — E você lê colunas sociais? — Ela sorriu com ironia. — Espero ansioso por elas todos os dias. Emily soltou uma gargalhada ao pensar em Jason debruçado sobre as fotos de ex-debutantes e de playboys dissolutos, apesar de ele provavelmente não achar engraçado: Jason nunca brincava. Mais de uma vez imaginara se ele teria mandado remover o seu senso de humor. — Na verdade, minha secretária as separa para mim. Preciso saber o que meus funcionários estão fazendo. Ah, ali estava o Jason que conhecia e de que se lembrava, sempre pronto a censurá-la ou a olhá-la severamente. Emily sorriu radiante. — Bem, como pode notar, a festa foi fantástica. Bolo, faixas, enfeites e alguém trouxe um sistema de karaokê. Uma sensação! — Não se esqueça do champanhe. — Como adivinhou? — ela perguntou, recolhendo os copos de plástico. — Fui eu que forneci. — Verdade? — Ela não escondeu a surpresa e Jason esboçou novamente um sorriso. — Realmente, Emily, não sou um feitor tão severo e, de fato, tentei vir ...

à festa. Stephanie trabalha aqui há mais de cinco anos. —Ah, foi por isto. Provavelmente você costuma entregar uma placa comemorativa. — Só se ganha uma placa por dez anos de serviço — explicou, deixando-a boquiaberta. Mas Emily viu o brilho em seus olhos e percebeu que ele estava brincando. Duas brincadeiras em um só dia! O que acontecera com ele na África? Surpresa e um tanto desconcertada com a conversa bem humorada, Emily interrompeu a limpeza e o olhou atentamente. Jason vestia um elegante terno cinza. Usava os cabelos castanhos cortados bem curtos. Tinha a aparência limpa e fresca, distante e inatingível, e um leve ar de superioridade do qual ela não gostava, mas que aceitava como fazendo parte de quem ele era: o concunhado 12 anos mais velho, distante e levemente reprovador. Nunca participara das suas tolas brincadeiras de infância. Ela, sua irmã Isobel e o irmão mais novo de Jason, Jack, sempre se enfiavam nas maiores confusões, e Jason sempre vinha salvá-los e lhes passar um sermão. Às vezes Emily acatava, às vezes se rebelava, mas nunca questionara a autoridade que lhe era inerente e que fazia parte da relação que mantinha com todos. Fazia meses que não o encontrava, e anos que não conversavam. Quando Emily chegara a Londres à procura de emprego, Jason a mandara procurar Stephanie, diretora de RH, e antes de voltar à Ásia, onde dirigia um projeto, mal a vira assumir o cargo de secretária. Desde então, só o vira no escritório, onde se mantinha distante e profissional, ou em Surrey, durante reuniões de família onde ele voltava a ser o que sempre fora: uma espécie de irmão mais velho autoritário e, às vezes, aborrecido, mas parte do seu cenário familiar, firme, forte e presente. — Desta vez você voltou por mais tempo? — Emily perguntou, empilhando os pratos de papel. — Espero que por alguns meses. Tenho negócios para resolver aqui. — Ele falou em tom indiferente, mas ela ficou curiosa. — Negócios ...

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