Livro: De menina a mulher - Carolyn Davidson Página 4

... a e a viu sair para o sol do fim de tarde. Vacilando ainda, Cassandra ergueu o rosto para o céu, onde muitas nuvens se espalhavam devagar. Uma brisa suave as soprava e, ao mesmo tempo, ajudava muitos pássaros a voar, em círculos, muito alto, sobre os campos de trigo que ficavam além dos limites da cidade. — O dia está muito lindo, não acha? — Cassandra comentou, parecendo serena, descendo os degraus da varanda em direção ao caminho de pedras que seguia até o portão. — Volte para uma nova consulta — Phillippe aconselhou-a ainda, um tanto impetuoso, vendo-a subir para a boléia da pequena carroça em que viera, e que estava parada junto ao portão. Cassandra fez que sim, depois colocou o cavalo em movimento, fazendo-o voltar-se em meio círculo para dirigir-se à parte central da cidade. O animal, uma égua que parecia ser muito gentil, seguiu rumo à rua principal, onde muitas pessoas ainda circulavam. Phillippe permaneceu na varanda, vendo Cassandra parar o veículo diante de uma casa de comércio e descer com cuidado para amarrar a égua numa travessa logo em frente. Em seguida, subiu para o tablado diante da porta dupla e, antes de entrar, voltou-se para Phillippe, vacilando ainda. Ergueu o braço e fez-lhe um breve sinal de despedida, ao qual ele respondeu de pronto. Depois, cabisbaixo, Phillippe voltou para dentro da casa, na qual a sala de espera, consultório e sala de exames ocupavam grande parte do andar inferior. No consultório, fechou a gaveta de um arquivo, que deixara aberta, e sentou-se à escrivaninha, preparando-se para escrever nas fichas todos os sintomas e remédios que prescrevera naquele dia. Não gostava do serviço burocrático de sua profissão, mas sabia que era também necessário fazê-Io, sobretudo porque sua mente ainda retinha todas as informações necessárias para as anotações que deveria fazer. E foi com certo conformismo que passou a escrever, anotando detalhes dos casos examinados, das doenças que não ...

saíam do normal, com a graça de Deus; dispepsia, tosse sem razão de ser, troca de ataduras num ferimento de queda, um braço quebrado que precisara de tala. Depois, apanhou uma ficha nova, para uma paciente que viera pela primeira vez. Escreveu o nome no início dela, colocando o sobrenome em primeiro lugar: Mitchum, Cassandra. Depois, olhando com mais atenção para o papel, acrescentou, entre parênteses: idade, 18 anos. E, na linha seguinte, as anotações gerais comuns: batimentos cardíacos normais, pele limpa, olhos castanhos, cabelos escuros, ondulados. Interrompeu-se, pensativo. Não precisava colocar tais pormenores. Prosseguiu, dessa vez tornando ao profissionalismo: abdome um tanto intumescido devido a gestação de mais ou menos cinco meses. Tornou a parar, relendo o que escrevera e meditando, entristecido, que aquela era uma gravidez na qual a mãe não se sentia, de forma alguma, feliz pela novidade. CAPÍTULO II Tesse Dillard lançou um olhar para Cassandra, depois desviou-o, para logo em seguida tornar a encará-Ia, agora franzindo a testa. — Faz tempo que não a vejo, menina — comentou. — Não tem vindo à cidade nos últimos tempos, tem? Cassandra fez um gesto de negativa e acrescentou em seguida: — E não teria vindo hoje se meu pai não tivesse se esquecido de comprar algumas coisas quando veio aqui, na semana passada. Em geral, dou a ele uma lista de tudo o que é necessário, mas papai acabou se esquecendo dela, no rancho. — Preferiu omitir a necessidade de vir ao médico. — Vejamos o que vai querer hoje — disse a dona do estabelecimento, pegando a folha de papel que Cassandra lhe entregava. Naquele gesto, seus dedos roçaram os dela e sentiu-os frios demais. — Não está se sentindo bem, querida? Cassandra retesou o corpo, olhando ao redor para ver se havia alguém ouvindo. — Sinto-me ótima, sra. Dillard — mentiu. — Mas estou com muita pressa hoje. Deixei o jantar no forno e preciso voltar ...

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