Livro: De menina a mulher - Carolyn Davidson Página 2

... que desciam por suas faces. — Vou fazer dezenove. Sou muito nova para perder a vida, não acha? — Você não vai morrer. — Phillippe vacilava, sem querer prosseguir no tema antes mesmo de saber o nome dela. Então, arriscou: — E filha de George Mitchum, não é? Ela assentiu e acrescentou: — Meu nome é Cassandra, como minha mãe. — Cassandra. — Phillippe repetiu, sentindo como soava um nome tão forte para uma jovem tão delicada. — Tem alguma parente mais próxima, Cassandra? Uma tia, talvez. Ou uma conhecida. Uma mulher que cuide dos afazeres no rancho de seu pai? Pelo que Phillippe ouvira dizer, o rancheiro tinha condições de manter uma governanta, se quisesse. — Não, não há ninguém — respondeu Cassandra, eliminando as esperanças do médico. — Sou eu que cuido da casa, lavo as roupas e cozinho. Phillippe assentiu muito de leve. — Muito bem, então, mocinha. Poderia vir a minha sala de exames, por favor? Eu gostaria de dar uma olhada em você e ver como está seu coração. — Meu coração?! O que ele tem a ver com isso? Afinal, um dia desses irá parar de bater, mesmo. Por enquanto, pelo menos, está funcionando direito. Cassandra se levantou e, mais uma vez, Phillippe notou-lhe as formas um tanto macilentas. — Venha comigo, Cassandra — insistiu. — Preciso examiná-Ia melhor. Cassandra assentiu, em silêncio. Em seguida, dando passos lentos atrás de Phillippe, murmurou: — Se o senhor acha que é melhor assim. Mas não creio que auscultar meu coração vá servir de alguma coisa. Era provável que não, Phillippe disse a si mesmo. Mas já seria um começo. A sala de exames era pequena e havia nela uma mesa alta, longa, de couro, da qual Cassandra se aproximou como se estivesse seguindo para o cadafalso. — Quer que eu me sente aqui, doutor? — Não. Prefiro que se deite. De costas, por favor. Cassandra aceitou a mão que ele lhe oferecia e subiu num pequeno banco que ficava ao lado da mesa. Se ...

tou-se, em seguida, indagando: — Quer mesmo que eu me deite? Phillippe assentiu, sério, pegando o estetoscópio que estava na gaveta de um armário próximo. Quando se voltou, Cassandra já se deitava, ajeitando a saia junto às pernas. Ele se aproximou e tocou-lhe de leve o pescoço, ajudando-a a ajeitar a cabeça no pequeno travesseiro que mantinha ali para facilitar o conforto de seus pacientes. — Abrirei dois botões — Phillippe avisou, procurando agir da forma mais segura possível, para que ela não se sentisse embaraçada. Colocou a extremidade do estetoscópio junto ao peito de Cassandra, ouvindo com atenção. Cerrou os olhos, num gesto que fazia sempre, para buscar maior concentração, e percebeu a respiração vacilante. Era como se ela estivesse com dificuldades para tomar fôlego, como se receasse a proximidade do aparelho que lhe era colocado sobre a pele. Phillippe ouvia as batidas rápidas, que já esperava. Também as esperava fortes e regulares, como, de fato, estavam. Retirou a mão de dentro do corpete do vestido, percebendo que Cassandra estava bem mais corada. — Tocarei sua barriga e seu ventre agora — tornou a avisar, colocando os dedos sobre o local onde poderia jurar que iria sentir a presença de um feto. Avaliou o tamanho do ventre coma ambas as mãos, tentando verificar com precisão a extensão da gravidez. — Você está com um problema, Cassandta — informou, por fim, tornando a oferecer-lhe a mão para que se sentasse. — Eu lhe disse. — Ela deu de ombros, de leve. — Sabia disso. — Já falou com seu pai a respeito? Cassandra negou com um gesto. — Não conversamos muito, doutor. — Bem, acho que existe algo que deveria contar a ele. E, se Tommy estivesse por perto, deveria contar-lhe também. Os olhos de Cassandra se arregalaram de novo, as enormes íris castanhas brilhando com intensidade. — O que Tommy tem a ver com minha morte? — Fitou-o, surpresa. — Cassandra, ouça: você não vai m ...

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