Livro: Briana Página 2

... milady. — Ponha-a perto da lareira, Gavin, e cuidarei desse ombro que me parece ser a razão de todo o sangramento. Apesar das aparências, o ferimento não é grande. Gavin observava tudo em silêncio. Agora que a primeira onda de medo sumira, uma nova, forte emoção começava a surgir. O sangue dele fervia com desejo de vingança. — Contem-me agora tudo — ele pediu. — Quem fez isso? — Um grupo de soldados ingleses, milorde — um rapaz alto respondeu pelos outros. — Saíam de uma taberna. — Quantos eram? Gavin sentia seu ódio crescer. Passara uma existência odiando os ingleses que se moviam em bandos pela Irlanda, poluindo não apenas as terras, como perturbando mulheres inocentes e crianças que encontravam pelo caminho. — Mais ou menos uns vinte, milorde. — Tantos assim? — Moira perguntou, surpresa. — Para onde iam? — Gavin indagou. — Para a floresta, milorde. — Mas por que atacaram minha filha? — Moira quis saber. O rapaz baixou a cabeça, evitando responder. — Por que atacaram Briana? — Gavin insistiu na resposta. — Ela. Ela atacou-os primeiro, milorde. — Briana atacou-os? — Gavin repetiu, enrugando a testa. — Sim. — Quer dizer que os ingleses não fizeram nada para provocar o ataque? — Os ingleses nem a tinham visto antes de ela atacá-los com sua espada. — Sua espada? Naquele instante, Briana levantou-se e disse, com energia: — Eles riram de mim. Todos os presentes a fitaram com surpresa. Mas a única pessoa que Briana viu foi seu pai, não com uma expressão de orgulho, conforme esperara. Esperando provocar admiração nos olhos dele, explicou: — No início os ingleses tentaram evitar meus golpes de espada. Mas quando o líder deles ordenou que eu jogasse a espada, e eu recusei, os cachorros dos ingleses viram-se forçados a se defender. — Ah, milorde, é verdade — o rapaz confirmou. — Um deles atingiu-a com a parte não cortante da espada e jogou-a no chão, fazendo-a des ...

ontar. Mas, como uma verdadeira 0\'Neil, ela levantou-se e atacou de novo. — Havia sem dú¬vida admiração no tom de voz do rapaz. Briana 0\'Neil era uma fonte constante de surpresas entre os camponeses da aldeia. Apesar de uma vida de luxo como filha do lorde de Ballinarin, ela era selvagem, sempre atrain¬do perigo. — Foi quando o líder cutucou-a com a espada — o rapaz continuou. — Em seguida ordenou que seus rapazes mon¬tassem e partissem. — O líder disse alguma coisa? — Gavin perguntou. — Apenas que não queria ter sua mão manchada com o sangue da moça. — Era a morte que você desejava, minha filha? — Gavin perguntou a ela. — Não, pai. — Briana lutou para pôr-se de pé, não que¬rendo que o pai visse qualquer sombra de fraqueza nela. — Queria o mesmo que você sempre quis. — E o que era isso? — Algo que ouvi desde muito criança. Fim da tirania. E morte aos malditos ingleses. — E achou que faria isso sozinha? Foi sorte sua o líder do grupo ter o bom senso de apenas feri-la levemente. Teria o direito de matá-la. — Está me chamando de idiota? — ela perguntou, re¬voltada. — Tivesse sido Rory ou Conor, ou mesmo o pequeno Innis, você só elogiaria a coragem deles. Já o observei, pai, se vangloriando da coragem de seus filhos. Mas nunca re¬conheceu que tenho o mesmo sangue nas veias. A mesma coragem. E a mesma necessidade de vingança. Por que não vê isso? Por que não me vê? Gavin abraçou-a com carinho, dizendo: — Vejo você, minha filha. E sabe o que vejo em você? Uma cabeça dura que não tem um pingo de bom senso nesse pequeno cérebro vazio. Não entende que aqueles sol¬dados poderiam pegá-la para divertimento deles? Se o pai pensava chocá-la ou assustá-la, enganou-se. — Gostaria que eles tivessem tentado. — Briana sacudiu a cabeça. — Teriam minha faca plantada em seus corações negros de ingleses. Foi, para Gavin 0\'Neil, a gota d\'água. Teve vontade de esbofetear a filha. M ...

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