Livro: Inocência Perdida - Andrea Blake Página 4

... m penteados parecendo um lustroso sino. Seus impressionantes olhos verdes estavam ocultos pelos óculos escuros, mas Julie podia reconhecer pela curva de sua boca avermelhada que ela jogava todo o charme sobre o homem que estava com ela. Ele também usava óculos escuros. À primeira vista, Julie pensou que fosse um nativo das Antilhas. Sua pele tinha a mesma cor café de tia Lou e Hercule. Depois percebeu que, embora o cabelo dele fosse curto, não era cortado como o dos habitantes das ilhas do Caribe. Devia ser um europeu. Ela devia ter percebido que Gisela não se arrumaria tão bem para um visitante antilhano. Mesmo com os filhos de tia Lou ela era sempre indiferente e mandona. Com a máscara de mergulho em torno do pescoço e o tubo de ar na mão esquerda, Julie afastou-se dos arbustos, atravessou o extenso gramado em frente ao bangalô e subiu os degraus da varanda. Logo que a viu, o visitante levantou-se e tirou os óculos. Alto, cerca de um metro e oitenta, quase da mesma idade de Gisela. Seus olhos eram de um impressionante cinza-azulado. — Oh, Julie, este é o sr. Tiernan — Gisela falou pausadamente, disfarçando seu gesto de aborrecimento. — Sr. Tiernan. a filha de meu marido. — Como está? — Julie estendeu-lhe a mão. O homem sorriu, mostrando dentes alvos. — É quase uma hora. Você não tem muito tempo para se trocar, querida — Gisela disse amavelmente. — Desculpe-me. — E Julie foi para seu quarto, reprimindo o riso. Então ia ser a encenação do "somos quase como irmãs", não era? Gisela tivera esse procedimento quando chegou pela primeira vez em Solilaire, mas somente por causa de Jonathan. Nunca tinha desejado realmente conquistar a afeição de Julie, e deixara cair a máscara na printeira vez que as duas ficaram sozinhas. Normalmente Julie almoçava em traje de banho e só vestia roupa depois. Mas nesse dia colocou uma blusa amarela, short branco e calçou chinelos de ráfia. Quando penteou o cabelo embaraçado, pre ...

deu-o dos lados com dois elásticos. Não lhe passou pela cabeça fazer um penteado diferente, nem usar o batom que estava na gaveta. Gisela e o Sr. Tiernan iam para a mesa do almoço quando ela reapareceu na varanda. Antes de ela voltar, eles conversavam sobre o carnaval na ilha francesa da Martinica, a cerca de cem milhas ao norte das Grenadines. E agora Gisela insistia nesse assunto, sem se preocupar em explicar de onde seu hóspede tinha vindo ou por que fora visitar Solitaire. Foi o Sr. Tiernan quem logo tentou incluir Julie na conversa: — Tenho equipamento de mergulho a bordo. Se eu puder, gostaria de explorar os recifes esta tarde. Que lado da ilha você recomenda, Srta. Temple? Julie levantou os olhos do pedaço de melancia. — O lado sul. Mas se você for para fora do recife, terá que tomar cuidado com as correntes marítimas. Não são perigosas se você deixar que o levem, mas é inútil tentar nadar contra elas. Ele concordou. — Sim, já vim através das correntes antes. Você parece uma mergulhadora experiente. — Oh, Julie vive no mar. É uma filha natural das águas — Gisela comentou, num tom tolerante de alguém que fala de uma menina de doze anos, muito levada. — Está sempre tentando encontrar algum tesouro de piratas, não é querida? Infelizmente eu tenho um desagradável problema de ouvidos. Não é nada sério, mas não poderei nadar por um bom tempo. Na verdade eu adoraria um passeio em seu barco, Sr. Tiernan. Faz tanto calor durante as tardes aqui. Mas claro que se você deseja mergulhar. — Posso mergulhar numa outra vez. Ficaria contente de poder convidá-la, Sra. Temple. Você não gostaria de vir também? — ele acrescentou, dirigindo-se a Julie. Gisela cutucou seu pé por baixo da mesa, mas Julie teria recusado mesmo sem a advertência. — Obrigada, mas estarei atarefada esta tarde. — Julie e eu estamos ensinando as crianças de nossa cozinheira a ler e escrever — Gisela explicou. — Esta tarde é a vez de ...

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