Livro: Inocência Perdida - Andrea Blake Página 3

... suas palavras irritadas No afinal foi vencido. Quando Gisela nem respondia mais, ele deu um suspiro e desceu à praia. Não retornou. Na madrugada foi com Hercule a uma pescaria nas ilhas vizinhas. Deveriam ficar fora vários dias. — Sirva para mim, sim? — Gisela disse, bocejando, quando Julie colocou a bandeja na mesa. — Meu Deus, que lixo de lugar! Nem TV, nem rádio. nada! Isso me aborrece tanto que dá vontade de gritar. — Você estará em Nova Iorque sexta-feira — Julie lembrou-a. Uma coleção de pinturas de seu pai, incluindo uma de Gisela, estava exposta em uma galeria de arte de Nova Iorque e a madrasta usara de manha para persuadir Jonathan a levá-la para ver. — Somente por uma semana em Nova Iorque — Gisela respondeu mal-humorada. — E então estarei de volta a este buraco. Não sei como você suporta isto. Não é normal você se fechar para o mundo. Você não quer ser uma velha solteirona, quer? Mas será, se permanecer aqui por muito tempo. Julie não respondeu. Tinha receio de perder a calma, de dar alguma resposta irrefletida que Gisela prontamente contaria para Jonathan. A madrasta era prática em distorcer suas observações mais ingênuas em farpas cruéis. Fizera isso diversas vezes e Julie não suportava quando o pai acreditava na versão de Gisela, e repreendia a ela, Julie, por ser fingida e infantilmente ciumenta. — Se você não se importa, gostaria de passar a manhã na enseada do sul — disse, ansiosa para escapar. Gisela encolheu os ombros. — Faça como quiser. Eu não ligo. Julie foi buscar a máscara de mergulho e o tubo de ar e calçou um tênis velho para proteger os pés enquanto subia pela trilha na floresta, que levava do topo da ilha até a enseada no outro extremo. Voltava ao bangalô, pouco depois do meio-dia andando pela praia, quando, perto do cabo oriental, ficou surpresa ao ver um luxuoso barco a motor ancorado. Não havia sinal de ninguém a bordo, mas um bote estava atracado no quebra-mar da ...

curva formada pela praia. Solitaire era uma entre um disperso grupo de ilhas e atóis de corais conhecidos como Grenadines. Eram, sucessivamente, parte das ilhas Windward que formavam uma barreira entre o mar das Caraíbas e o oceano Atlântico. Algumas das ilhas Grenadines — Bequia, Mustique, Cannouan e Carriacou — tinham pequenos povoados. Mas a maioria delas não eram mais que pontos no mapa. Solitaire não era nem um pontinho, e nunca recebeu visitantes. Às vezes, iates de alto-mar eram vistos a grande distância, e nos últimos anos o aumento dos turistas nas Antilhas provocara o aparecimento de barcos de pesca a pouca distância da ilha. Mas esta era propriedade particular e nenhum estranho tinha chegado lá antes. Por isso é que Jonathan Temple arrendara Solitaire. Era um retiro considerado inviolável. Curiosa em saber quem invadira seu isolamento, Julie correu para o bangalô. Aproximou-se por entre uns arbustos floridos, mas parou quando ouviu a risada de Gisela. Os visitantes seriam amigos de sua madrasta? Pessoas que ela conhecera antes do casamento? Gisela era estranhamente reservada sobre seu passado. Jonathan a conhecera no Haiti, onde ela era manicure em uma barbearia de um hotel de luxo, em Porto Príncipe. Ele fora lá para ver os famosos murais pintados por artistas nativos do Haiti, na catedral. Poderia ter sido uma curta visita, mas ficara lá três semanas e voltou com Uma noiva loira e deslumbrante apenas nove anos mais velha que a filha dele. Tudo que Julie sabia do passado da madrasta era que Gisela havia nascido na Jamaica, que seus pais haviam morrido e que ela falava fluentemente francês, espanhol e crioulo. Tudo mais sobre ela era um mistério. Aproximando-se das pontas dos arbustos, Julie observou por uma fresta entre dois galhos de hibiscos brancos. Gisela estava reclinada graciosamente em uma das cadeiras de balanço da varanda. Tinha vestido seu pijama de anfitriã cor de água-marinha, e seus cabelos dourados estava ...

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