Livro: Corações Selvagens Página 2

... la resposta de Maw-berry, todos analisavam o aristocrata e o homem sem títulos com olhares especulativos. Hale era prudente e não costumava correr grandes riscos, em especial numa mesa de jogo. Em assuntos relacionados à empresa de navegação, ele sempre demonstrara ousadia e uma astúcia aci¬ma do normal. O que o levara a atrair Mawberry, agora em uma situação financeira desastrosa, com uma aposta quase irrecusável? Nas mesas daquele café, já se havia comentado que Hale estava apaixonado e gostaria de se casar com a irmã de Mawberry, mas certamente uma aposta tão absurda não era o caminho mais acer¬tado para conquistar um futuro cunhado! As feições másculas de Hale permaneciam inescrutáveis en¬quanto ele tomava mais uma xícara de café e ninguém, nem mesmo Samuel Mawberry, tinha a menor idéia do que se passava cm sua mente. O baronete já conhecia Zachariah Hale há mais de dois anos mais ainda o considerava um enigma. Hale era orgulhoso, determi¬nado e demonstrava uma arrogância que não combinava com suas origens desprovidas de nobreza. Na verdade, nada distinguia Hale de seus companheiros de mesa que haviam, nascido em famílias nobres. Suas roupas eram luxuosas mas discretas, seus traços fisionómicos revelavam dis¬tinção e as atitudes requintadas o colocavam entre os pares do reino da Inglaterra. Zachariah Hale era o único herdeiro do avô um milionário que não medira despesas para educar o neto como úm lorde. A fortuna da família vinha das empresas de navegação e o jovem Hale se tornara sócio do imenso império familiar ao completar dezoito anos. Samuel Mawberry sabia que Hale poderia honrar a aposta que acabara de fazer. Aliás, ninguém ignorava que aquele jovem era dono de uma imensa fortuna embora lhe faltasse sangue azul em suas veias de homem comum. Entretanto, Hale costumava sempre conseguir o que desejava e esse fato provocava a hesitação de Mawberry. Ele não se sentia humilhado em aceitar a aposta feita p ...

r um homem que não pestencía ao seu mundo privilegiado porque a honra é um atributo inatingível para um aristocrata sem dinheiro. — Está bem, Hale. Quais serão as regras do jogo? Mawberry não tomou conhecimento das exclamações de susto ou dos murmúrios excitados dos frequentadores do café. Eles não sabiam a gravidade de sua situação e, por sorte, Hale também ignorava a que ponto ele havia chegado. Nas cartas que Hale embaralhava com mãos firmes, estava sua única chance de recuperar Summerfield antes que o mundo , soubesse toda a verdade. Todos pensavam que ele estava se ar¬riscando a perder a propriedade familiar ao seu desafiante quando, na verdade, já a perdera para o duque de Prestwick, na noite anterior. Ele tinha certeza de que recuperaria Summerfield no dia seguinte ao jogo com Prestwick, mas então recebera a notícia do naufrágio de seu navio nas costas da Manda. Tudo estaria real¬mente perdido se Hale não tivesse lhe oferecido aquela chance única. A sua impulsividade irresponsável o colocara em uma si¬tuação sem saída e agora talvez o ajudasse a sair dela! Apesar da aparência serena, Zachariah Hale sentia-se prestes a ter um descontrole nervoso. Não costumava ser tão impulsivo, principalmente quando não era apenas a sua vida que estava em jogo. O futuro de sua adorada Elise Mawberry também dependia de uma simples rodada de cartas! A loira e frágil Elise, etérea como um anjo, era irmã daquele homem sem honra ou dignidade que abria a primeira das cartas com a mão tremula. Zachariah mal continha a fúria ao se lembrar da situação humilhante em que fora colocada a sua amada e sen¬tia-se na obrigação de defendê-la desse irmão sem escrúpulos. Ele tivera bons motivos em desafiá-lo e em garantir qual seria o resultado final desse jogo. Quando as cartas dos dois oponentes foram colocadas abertas sobre a mesa, todos se surpreenderam menos Hale. — Mawberry é um génio! — bradou um nobre bem ao lado da cadeir ...

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