Livro: Apaixonada Pelo Diabo Página 2

... por causa da temerária fuga, não por causa do frio da noite de novembro. —Sim, senhora. —O hospedeiro, vestido com um avental, tentou vislumbrar seu rosto através da fina barreira de renda, mas se encontrou com a gélida recriminação de seu olhar. Sem demorar mais, seu "filho" e ela deixaram atrás o vestíbulo e a taverna, lotada de fregueses que bebiam e jogavam dardos, e guiados pelo hospedeiro se encaminharam à galeria do andar superior, onde o homem lhes indicou seu quarto. Enquanto aguardavam no corredor que o hospedeiro abrisse a porta para eles, uma garotinha de uns quatro anos e cabelo cacheado apareceu pela porta do quarto contíguo e soltou um risinho antes de começar a brincar com eles, ocultando-se e aparecendo. Surpreendida e encantada, Mary observou por um instante a adorável criatura, até que escutou uma voz feminina que repreendia à menina do interior do quarto. —Sarah, tesouro, volta aqui. A menina sorriu e voltou a desaparecer. Mary assentiu com a cabeça em direção ao hospedeiro para agradecê-lo e colocou uma moeda na palma da mão dele antes de seguir Johnny ao interior da estadia. A pequena Sarah voltou a aparecer um instante depois, mas a elegante senhora do véu tinha fechado a porta. Ela atravessou o quarto de seus pais saltitando e subiu com cuidado em uma cadeira para olhar pela janela. Soltou um bafo no vidro e a seguir desenhou com o indicador um rosto sorridente tal como seu irmão mais velho, Devlin, tinha lhe ensinado. Tinha uma vontade tremenda de vê-lo, já que o motivo da viagem não era outro que ir buscá-lo no colégio para levá-lo para casa com eles. Nem sequer era Natal e já tinha permissão para voltar para casa! Embora, por alguma misteriosa razão, essas maravilhosas notícias tinham feito sua mamãe e seu papai discutir. —Vamos, Katie Rose —estava dizendo papai enquanto limpava os vidros dos óculos com um lenço. —Não há necessidade de você subir pelas paredes. Eu tenho certeza de que ...

o menino poderá nos dar uma explicação. —Uma explicação? Stephen, teu filho deu um murro no nariz de um dos oficiais depois que o descobriram faltando as aulas! O mandamos para a melhor universidade de toda a Inglaterra e assim é como nos paga? Faltando às aulas para beber e jogar bilhar com seus amigos? —Ele tem dezessete anos, Katie. Todos os rapazes se metem em alguma ou outra confusão na universidade. É normal na idade dele. Além disso, as notas de Devlin continuam sendo as melhores de sua classe. —Já sei, caramba! Ele nem sequer tem que se esforçar para consegui-lo. Ela cruzou os braços diante do peito enquanto soprava. —Nosso filho tem sorte de ter herdado seu cérebro. —E sua coragem —acrescentou papai com evidente carinho ao mesmo tempo em que capturava o queixo de sua mamãe. —Sem mencionar esses grandes olhos azuis. E agora, lady Strathmore, sorria para mim ou me verei obrigado a beijá-la para apagar esse biquinho enrugado de seus lábios. Ela sorriu, muito a seu pesar. —Reserve seu encanto para o reitor, meu marido. Depois das travessuras de seu filho, o único modo de evitar que o expulsem definitivamente será fazer um generoso donativo. Espero que Devlin esteja bem! —Não me cabe a menor dúvida de que estava se exibindo, coisa normal na sua idade. Mamãe assentiu. —Não sei muito bem se vou estrangulá-lo quando o vir ou lhe dar um abraço enorme. —Você é sua mãe —disse papai com ternura. —Tê-la desiludido já é castigo suficiente para Devlin. Eu voto pelo abraço. —Eu amo você, Stephen —disse mamãe com um suspiro antes de apoiar a cabeça sobre o peito de papai. —O que eu faria sem você? É tão paciente e amável e bom. —Cavalinhos! —exclamou Sarah ao mesmo tempo em que colocava as mãos ao redor dos olhos e entrecerrava as pálpebras para ver melhor as três ruidosas carruagens negras que acabavam de chegar ao pátio da estalagem. A primeira carruagem acabava de deter-se menos ...

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