Livro: A princesa no paraíso Página 3

... nha feito aquele aparelho aterrar, mas nas outras vezes tinha-o feito com o Bari no banco do co-piloto. De qualquer forma, não tinha outra escolha, estava disposta a aterrá-lo na água. Claro que se houvesse outra opção. Noor olhou para o mapa e tentou calcular a sua posição, mas não era fácil porque as nuvens cobriam tudo excepto os picos das montanhas. Noor interrogou-se se devia continuar a voar e a aproximar-se das nuvens e também de terra firme, ou tentar aterrar na água o quanto antes. O mar era enganador e, coberto de nuvens, era ainda mais. "Tal como o -Bari ai Khalid", lamentou-se Noor. Durante todo aquele tempo tinha acreditado que estavam bem juntos, mas ele estava a muitos quilómetros de distância dela. Quando foram apresentados, Bari ai Khalid inclinara-se educadamente com o punho ao peito, mas olhara para ela com arrogância. - vou mostrar-lhe os jardins - dissera, com segurança. - Vai ficar encantada com as fontes. Noor nunca se tinha sentido tão emocionada. Durante as semanas que tinha passado no Bagestão, a descobrir a terra natal dos seus antepassados, Bari tinha-lhe monopolizado o tempo e ela nunca se divertira tanto. Bari era um perito em tudo. Jogava maravilhosamente tênis, velejava, levava-a a passear no seu pequeno iate, tinha-lhe ensinado a guiar o seu avião privado, tinha-a levado a festas fabulosas e fazia-a rir constantemente. Uma vez fizera amor com ela no iate durante uma tempestade. Noor tinha sido virgem até àquele momento, mas o encontro com Bari tinha sido tudo aquilo que ela desejara para a sua primeira experiência. - Quero que te cases comigo - tinha dito Bari. - Vamos viver e ter filhos no Bagestão. Tinha sido tudo muito rápido, tal como dissera a sua prima Jalia. Mas Noor estava loucamente apaixonada, e achava que Bari também o estava e que sabia aquilo que estava fazer. Tinha voltado à Austrália para tratar de algumas coisas e voltara rapidamente para o Bagestão, onde lhe tinham organizad ...

um casamento espetacular ao qual iria assistir a nata da sociedade. E, quando faltavam apenas alguns minutos para a cerimónia, os sonhos dela evaporaram-se. Nessa altura deu-se conta de como fora ingênua. Claro que Bari sabia o que estava a fazer, mas não a amava. Não se estava a casar com ela por amor, a verdade é que nem sequer se queria casar com ela. "As ilhas!", pensou Noor, de repente. De fato, havia ilhas por ali. Como é que se pudera esquecer? Bari tinha-a levado lá de avião e comentara que eram as Ilhas do Golfo. - Estão vazias desde a evacuação - explicara ele. - Exceto a maior, na qual há um hotel de luxo onde o Ghasib recebia os seus convidados estrangeiros. "Esta é a minha última oportunidade", pensou Noor. Onde é que estavam as ilhas? Noor voltou a olhar para o mapa e rezou para que tudo corresse bem. Capítulo Dois O xeque Bari ai Khalid levantou a cabeça e olhou para aquela que se devia ter tornado em sua mulher. Ele tinha-se escondido por trás dos bancos que separavam a cabine do piloto e a zona das bagagens. Como é que Noor se atrevera a abandoná-lo no dia do casamento? Como é que se atrevera a fugir assim? Sem uma palavra, sem lhe dizer nada, sem sequer se desculpar. Iria aguentar semelhante insulto? A fúria, a surpresa e a incredulidade que o tinham assaltado tinham-se tornado, no entanto, em regozijo. O céu estava completamente coberto de nuvens. Bari sabia que Noor não se orientava sem aparelhos e que não sabia fazer o aparelho aterrar na água. Tinha o que merecia! Como é que pensara em fugir assim? O tempo tinha estado imprevisível desde o fim da seca umas semanas antes, e ela sabia-o. Nunca deveria ter voado sozinha. Bari sorriu, com ironia. Queria deixá-la sofrer um pouco mais para que aprendesse bem a lição, mas não podia arriscar porque, apesar dela estar calma, poderia assustar-se e isso significaria a morte de ambos. Não, era evidente que não podia confiar nela. Ela demonstra ...

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