Livro: Sob o domínio da paixão
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... Charlotte Lamb Laura estava confusa.Pensava em Tom com emoção; como num sonho, visualizava seus cabelos negros e os olhos calmos, ternos. Sabia que o amor que sentia por ele era puro e profundo, firme como aço.Mas pensava também nas sensações que o beijo de Randal Mercier despertara nela.Tinha sido como uma tempestade se desencadeando em seu íntimo,arrancando-a do porto seguro em que vivera até então, jogando-a de um lado para o outro como uma folha ao vento. Ela havia cedido,fraca e dócil, mesmo sabendo que aquele homem cruel e prepotente só queria seu corpo. Atormentada, perguntava-se que tipo de mulher era, dividida entre o amor de Tom e o êxtase febril que Randal provocava nela! Copyright: CHARLOTTE LAMB Título original: "DISTURBING STRANGER" Tradução: THEREZINHA MONTEIRO DEUTSCH CAPÍTULO I O vento soprava furiosamente ao longo do Tâmisa, agitando a superfície cinzenta, formando milhares de ondas quebradas, fazendo os barcos e chatas balançarem de um lado para o outro, com os costados chocando-se e o madeirame rangendo. Assobiava entre os galhos das árvores altas, esbeltas, penetrando nos ossos dos homens que dormiam nas reentrâncias das esquinas da cidade adormecida, os corpos encolhidos cobertos por folhas de velhos jornais. Luminosos de bares brilhavam estranhamente na neblina. Venezianas, acima das vitrines das lojas, batiam, apesar de fechadas sobre as janelas de vidro. Folhas mortas, quase secas, acumulavam-se junto de portais e formavam um mar estalante ao longo das ruas desertas. — Londres fica meio assustadora à noite. — disse Laura Hallam, olhando ao redor. — Foi você quem quis vir comigo fazer esta visita — lembrou Pat Basset. — Eu disse que iria achar este bairro esquisito. — Estou contente por ter vindo — respondeu Laura, séria. — Coitadinhas daquelas crianças! Já não bastava terem perdido a mãe, agora o pai está preso! Imagino como deve ser traumatizante! — Isso acontece todos os ...

dias — comentou Pat. — Fazemos o máximo que podemos. E não é muito. Até que as crianças que você viu hoje têm sorte. Há uma tia que está disposta a ficar com elas. Na maior parte das vezes a gente tem que colocar as crianças em casas de estranhos. Isto é muito difícil e duro. Laura teve a nítida impressão de que Pat a reprovava e imaginou por quê. Talvez porque não fosse uma das pessoas infelizes que Pat amparava com seu trabalho de assistente social, ou porque a amiga achasse que o fato de acompanhá-la naquela noite fosse apenas curiosidade vulgar. O que Laura não queria era explicar a Pat que seu motivo era absolutamente pessoal, pois Pat conhecia Tom, trabalhava com ele. Foi por isso que elas se haviam conhecido. Laura jamais poderia fazer confidências para alguém que conhecia Tom. Andaram em silêncio durante algum tempo, seus passos ecoando na calçada estreita. Uma porta abriu-se do outro lado e uma luz amarela derramou-se pelo chão. O silêncio foi quebrado por risos e vozes altas. Um rapaz saiu, montou numa motocicleta, acelerou uma ou duas vezes e o motor pegou, roncando alto. Logo depois, ele desapareceu no fim da rua. O silêncio pareceu ainda mais pesado. Ao passarem por um barzinho miserável, Laura viu um homem de pé na porta e seus nervos se abalaram diante do olhar que ele lhe deu. Pat ignorou-o. Laura viu-se forçada a escorar-se na coragem da amiga. Noite após noite ela visitava aquela parte pobre da cidade, andando sozinha por aquelas ruas. Havia sido atacada umas duas vezes, injuriada. Mas nem isso a impedia de continuar. Claro, Tom a admirava. Era o tipo de mulher que Tom respeitava — corajosa, independente, cuidadosa. Morava num pequeno apartamento bem no centro da cidade e dedicava-se totalmente ao trabalho. Quando passaram sob a luz de um poste, Laura olhou de lado para ela. Baixa, atarracada, pálida, Pat estava sempre com uma expressão preocupada no rosto quadrado, como se vivesse eternamente tentando res ...

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