Livro: Aulas de amor Página 2

... ce-presidente da firma! Não era justo, Joyce vivia repetindo a si mesma. E, como ela, todas as outras mulheres na firma também não se conformavam com a sorte de Bernadette. Não era justo que alguém tivesse cabelos tão loiros e sedosos. Não era justo que alguém comesse tantos doces e pães e ainda continuasse parando o tráfego com sua silhueta atraente, curvilínea, sem um dedinho sequer de gordura fora do lugar .E havia mais: Bernadette possuía olhos azuis maravilhosos, lábios carnudos na medida exata. Perfeitos para o beijo, como diziam todos os rapazes no departamento de Joyce. E um nariz muito lindo e arrebitado junto com um queixo perfeito! Não era para menos que jamais sofria por falta de atenção do sexo oposto! Mas não eram só os predicados físicos que faziam de Bernadette uma mulher atraente e insinuante. Joyce não conseguia definir aquele "algo mais" que ela possuía, mas jurara a si mesma que no dia em que descobrisse ficaria milionária como "consultora feminina”! - Acha que a diferença de idade faz alguma diferença, Joyce? - Bernadette insistiu. - Para você, sem dúvida não - Joyce respondeu sem entusiasmo. - Afinal o seu lema sempre foi ame-os e deixe-os, não é mesmo? Ou então, troque-os com tanta freqüência que não terão tempo de se ligarem em você. - Ora, Joyce - Bernadette fez um gesto brusco demais, espirrando café em sua gravata nova. - Droga! Só espero que o resto do meu dia não continue assim - disse limpando a mancha com um guardanapo umedecido no copo d'água. - Vamos começar hoje o relatório trimestral e o Sr. Atwood fica impaciente enquanto não o vê terminado. - Impaciente? - Joyce riu. - Eu diria mais: que o seu "Homem das Neves" vira um leão enjaulado! - Joyce! O sr. Atwood é um ótimo chefe. Você sabe que ele cuidou pessoalmente para que eu tivesse um aumento este ano. - É claro que sei. E aposto como as suas minissaias tiveram muito a ver com a história. Talvez ele tivesse ouvido dizer ...

ue suas pernas foram seguradas e decidiu ajudá-la a pagar o seguro. - Se quer saber, o sr. Atwood nunca notou se tenho uma ou duas pernas. Mulherengo é o que ele não é. - Aquele colarinho engomado como uma mulher? Joyce riu. - Aposto como a única coisa que Atwood leva para a cama são os relatórios da firma. - O sr. Atwood é muito competente. - Em que departamento, posso saber? - Quer parar, Joyce? - Bernadette perdeu a paciência, levantando-se. - Acho melhor irmos agora ou vamos nos atrasar. Só faltam cinco minutos e eu já deveria estar no escritório. As duas passaram pelo caixa e antes de sair vestiram os casacos abotoando-os até o alto. Dezembro em Oklahoma era dos meses mais frios do ano, quando o vento gelado soprava cortante e impiedoso. Bernadette só esperava que depois de tanto frio pelo menos tivessem neve pelo Natal, que seria dali a duas semanas. - Lindo o seu casaco. - Joyce olhou com certa inveja para o casaco de pele branco que Bernadette usava. - É aquele que ganhou de sua mãe no último aniversário, não? - Ele mesmo. Minha mãe é um amor, não acha? - Sim, um amor - Joyce concordou sem entusiasmo. - Nem usando uma maravilha destas eu chamaria a atenção de algum homem. Preciso bem mais que um casaco de peles para que me olhem do jeito que a olham, amiga. - Não peço a eles que me olhem, Joyce. - E precisa? Bernadette parou, perdendo a paciência. - O que há com você hoje? Acordou com o pé esquerdo por acaso? - O que há? Faz três semanas que não sei o que é sair com alguém - Joyce respondeu com uma risada amarga. - E além disso olhar para você todas as manhãs me faz sentir como um sapato velho pelo resto do dia. - Ora, Joyce. - Bernadette riu, passando o braço pelos ombros da amiga enquanto caminhavam. - Anime-se, minha cara. O Natal está próximo e logo será um outro ano. Já posso até sentir um cheiro excitante no ar! Joyce respirou fundo e em seguida deu de ombros. - O único cheiro que sinto é ...

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