Livro: A Paixão Página 4

... se. —Madame, você não tem nada que fazer aqui —declarou irritado. —Este homem é um depravado pirata. —Você deve dirigir-se a mim como milady —replicou ela com sua voz, normalmente serena, agora feroz, enquanto sublinhava a importância de sua origem. —Meu pai é o duque de Eversley e conta entre seus amigos com o príncipe regente e o lorde primeiro almirante. Pôde observar como o marinheiro avaliava ela e seu traje; seu elegante roupa de seda em traje de passeio eram cor cinza com apenas um toque de um adorno lilás nas lapelas da blusa para aliviar a severidade. —E este cavalheiro —acrescentou enquanto Percy chegava apressadamente a seu lado— é meu primo, sir Percy Osborne, tenente governador de Nevis e St. Kitts. Eu pensaria duas vezes antes de desafiá-lo. Percy apertou os lábios diante de sua declaração e murmurou desaprovador: —Aurora, isto é muito impróprio. Está organizando um espetáculo. —Seria mais impróprio ficar sem fazer nada enquanto estes covardes assassinam um homem desarmado. Ignorando o olhar furioso do guardião, observou o prisioneiro ferido. Tinha os olhos fechados, mas parecia estar consciente, porque apertava os lábios de dor. Seguia parecendo semi-selvagem. Sua bronzeada e nua pele reluzia com o brilho do suor e tinha o queixo sombreado por uma escura e crescida barba. Sua cabeça parecia ter sofrido o maior dano. Não só sangrava em grande quantidade sua fronte, mas também seu cabelo queimado pelo sol, de um dourado muito mais escuro que o dela, estavam emaranhados e negros de sangue seco, evidentemente de uma ferida anterior. Aurora ficou tensa enquanto baixava o olhar, entretanto, mesmo assim, sentiu acelerar os batimentos de seu coração. A manifesta masculinidade que a tinha desconcertado a distância era ainda mais evidente de perto; a musculatura dura do corpo do homem, inconfundíveis. Em seu peito e ombros destacavam seus músculos enquanto as calças de lona se grudavam em s ...

as poderosas coxas. Então ele abriu os olhos e os fixou nela. Seu olhar era escuro cor café. Seu modo de fixá-la produziu a mesma surpreendente sensação que Aurora tinha experimentado antes: a de estar totalmente a sós com ele, junto com uma aguda consciência de sua feminilidade. Estranhos eram os delicados sentimentos de amparo que suas feridas despertavam. Aurora enxugou brandamente o sangue que tinha na fronte. Ele a agarrou pelo pulso, as correntes faziam barulho. —Não o faça —murmurou roucamente. — Aparte-se disto. Sairá prejudicada. A pele ardia onde havia passado seus dedos, mas tratou de ignorar aquela sensação, tal como pensava fazer caso omisso de seu pedido. No momento, estava menos preocupada em proteger-se do que por salvar a vida dele. —Não esperará que veja como o assassinam, verdade? O sorriso de causar pena que ele esboçou foi rápido, enquanto soltava seu punho e se esforçava por apoiar-se nos cotovelos. Por um momento, fechou os olhos enjoado. —Necessita de um doutor—disse Aurora alarmada. —Não. Tenho a cabeça dura. —Evidentemente não o bastante. Ela tinha esquecido que não estavam sozinhos até que seu primo se inclinou sobre seu ombro e proferiu uma exclamação consternada. —Grande Deus! Sabine! —Conhece-o? —perguntou Aurora. —Certamente que sim. Possui a metade dos navios mercantes do Caribe. É americano. Que diabos está fazendo aqui, Nick? Ele fez uma careta de dor. —Temo-me que tive um desafortunado encontro com a marinha britânica. Aurora advertiu que sua maneira de falar era suave e acariciavam, em contraste com seus próprios sons entrecortados. Seu primo se voltou para os guardiães e pediu uma explicação. —O que significa isto? Por que está prendendo este homem? Os homens se economizaram para ter que responder quando seu chefe militar se reuniu com eles. Aurora recordou ter conhecido o capitão Richard Gerrod em algum ato social do governo, fazia u ...

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