Livro: Amarras da Ilusão Página 3

... ural. Mesmo que a cabeça e coração detestassem aquele homem, o corpo insistia em comportar-se como se eles tivessem sido feitos um para o outro. — Por que você está aqui? — Como se ela não pudesse adivinhar. Elisa havia vivido na Itália a maior parte da vida adulta, e tinha pai siciliano. Aprendera que culpa italiana era um fardo pesado, mas a culpa siciliana era ainda pior. E Salvatore tinha muitos motivos para sentir-se culpado. Mais do que ele tinha consciência. Mais do que ela desejava lhe contar. Ele queria absolvição? Salvatore inclinou o corpo grande sobre um dos balcões de vidro. — Seu pai me mandou aqui. — Papai? — O coração de Elisa se contraiu. — Aconteceu alguma coisa? Olhos escuros sondaram os dela, e ela quis fechar as pálpebras, para proteger os pensamentos íntimos de um homem que enxergava demais enquanto, ao mesmo tempo, parecia ver muito pouco. Ele vira o desejo de Elisa, mas não reconhecera o amor. Tinha visto a relutância dela em se envolver, mas fora cego para a inocência que havia gerado aquilo. No final, tinha visto a gravidez, mas não a própria paternidade iminente. Ele suspirou, como se o que visse nos olhos dela o incomodasse. — Nada além do fato de você não ter ido para seu lar há mais de um ano. — Sicília não é meu lar. — É onde seu pai vive. — E a mulher dele. — Sua irmã também. Sim, Annemarie ainda morava com seus pais. Apenas três anos mais jovem do que os 25 anos de Elisa, Annemarie não mostrava sinais de querer se mudar da casa paterna e viver por conta própria no mundo vasto. Shawna, a mãe de Elisa, ficava apavorada com aquela inclinação de dependência por parte da filha. Elisa tinha sido criada para ser independente. A irmã, por sua vez, tivera uma criação cheia de mimos e cuidados na verdadeira tradição siciliana. — Annemarie provavelmente morará com eles até que se case. — E isso, por acaso, é uma coisa ruim? Elisa deu de ombros. — Cada u ...

pensa da forma que quer. Estava satisfeita com a vida que levava na pequena cidade perto de Roma. O emprego lhe permitia viajar, pelo menos quando havia dinheiro para tal, e não tinha ninguém para lhe dar ordens. Ninguém em absoluto. — A campainha de alarme não tocou quando eu entrei na loja. — Está quebrada. — Precisa ser consertada. — Será. Depois do leilão. — Você não perguntou por que seu pai me pediu para vir aqui. — Presumi que você diria quando estivesse pronto. Falou que não havia nada errado com ele. — Não há, se você desconsiderar o quanto ele teme pela sua segurança. Teria o pai contado a Salvatore sobre as jóias da coroa? Provavelmente. Francesco Giuliano era um homem tradicional. Elisa era o resultado de sua única passagem pelo mundo selvagem, um caso com uma estrela de cinema, Shawna Tyler. Ele quisera casar-se com ela quando a gravidez foi descoberta. Sua mãe negara, e tinha sido determinada no que dizia. Não queria um marido que a prendesse e nunca permitira ter uma filha que fizesse isso também. — Por que papai está com medo por mim? — Afinal, ela vivia por conta própria há sete anos. — Ele não acredita que o sr. di Adamo tenha segurança suficiente para tomar posse de algo tão valioso e controvertido como as jóias da coroa de Mukar. — Isso é ridículo. Esta é uma joalheria. É claro que podemos lidar com a posse das jóias. Salvatore moveu uma mão impaciente. — Elas valem dez vezes o estoque total deste lugar. Há mais de uma facção em Mukar que está infeliz com a dissolução da monarquia e a venda das jóias. — Mukar precisa de ajuda. O ex-príncipe da coroa acha isso e está disposto a fazer qualquer sacrifício necessário para ajudar seu país a sobreviver. — Não obstante, você corre risco. — Ele parecia tão solene, como se realmente se importasse. Ela quase bufou. Tudo bem, Salvatore podia se sentir culpado pelo modo como a havia tratado, mas não se importav ...

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