Livro: Uma rebelde na corte Página 2

... i — respondeu Brenna, de forma quase inaudível, enquanto a faca deslizava por entre os dedos, caindo no chão. — É a maneira típica dos ingleses. A fúria contida na resposta deixou o intruso perplexo. Ao ver a silhueta da irmã esgueirando-se entre as sombrias pa¬redes de pedra, Brenna suspirou aliviada. Podia enfrentar a morte agora. Sua irmã estava a salvo. Levantando a cabeça para encontrar o olhar do forasteiro, disse com altivez: — Pode completar sua façanha. Não tenho medo do senhor, nem da morte e da destruição que carrega consigo. O cavaleiro olhava do alto de sua cavalgadura, o rosto encan¬tador, a mais fascinante entre todas as mulheres que conhecia. A testa lisa, sem marcas de expressão, os traços perfeitos, destacando-se o pequeno nariz arrebitado e os lábios apertados numa reação de raiva. Grandes ondas de cabelos caíam pelas cos¬tas ultrapassando a linha da cintura fina, os seios arfando com o ritmo da respiração entrecortada. No entanto, foram os olhos que lhe chamaram a atenção, olhos cor de violeta que brilhavam, não de medo, mas de orgulho, de arrogante desafio. — Meus soldados e eu não viemos até aqui para atacar seu po¬vo. Minha rainha, Elizabeth, enviou-nos em missão de paz. — Ignorando o sorriso desdenhoso que via surgir no rosto delica¬do, prosseguiu: — Desejo apenas que me conduza até o castelo e me apresente ao líder do seu clã. — Com que propósito? Ele lançou-lhe um olhar que teria feito qualquer um se ajoelhar, implorando clemência. Porém ela o encarava sem medo, os olhos faiscando. — Discutirei minha proposta só com seu líder. Agora ande! — ordenou, deslizando da sela e apontando a espada, amea¬çadora. Brenna deu-lhe as costas, sem que ele vislumbrasse o sorriso que se insinuava em seus lábios. Caminhava com a cabeça erguida e as costas retas, os quadris movendo-se numa cadência sedu¬tora que prendeu a atenção de Morgan. — Alden! — gritou. A seu chamado, um ho ...

em de bochechas avermelhadas e cabelos loiros avançou em sua direção, destacando-se entre os outros. — Cuide dos soldados. Em instantes, os homens o seguiram em procissão, e, ao chegarem às portas do castelo, ouviram um grito. Os pesados por¬tões se abriram a seguir, permitindo a passagem de Brenna e a comitiva de forasteiros que a acompanhava. — São bastante inteligentes para não oporem resistência — murmurou o inglês. — Sabem que somos muito mais numerosos. — Não é essa a razão pela qual parecem se submeter — explicou Brenna. — Não ofereceram resistência porque sabem que eu poderia ser ferida se o fizessem. — E a vida de uma mulher tão insignificante é tão importam para eles, por acaso? Ela não respondeu. Virando-se para um velho encurvado em pé perto da porta, Morgan ordenou, autoritário: — Vá chamar seu líder. O ancião lançou um olhar preocupado para Brenna e, ao vê-la sacudir a cabeça imperceptivelmente, subiu com dificuldade um lance de escada, com um sorriso furtivo no rosto, a expressão maliciosa. Ignorando Morgan Grey, ela atravessou a sala, detendo-se junto ao fogo para esquentar as mãos. Então virou-se. Falou com serenidade, mas não havia hesitação na calma segurança com que disse: — Eu sou o líder do meu povo — declarou com autoridade. — Sou Brenna, a chefe dos MacAlpin. Estes homens seguem mi¬nhas ordens, e seus soldados invadiram meu castelo. Brenna MacAlpin. Morgan Grey demorou alguns minutos pa¬ra absorver o efeito surpreendente da revelação. \\"Esta mocinha magricela, a líder dos MacAlpin?\\" Havia ouvido falar dela, cer¬tamente. Muitos soldados ingleses tinham retornado das batalhas contando histórias incríveis da jovem MacAlpin à frente dos escoceses. Porém ele havia imaginado uma mulher robusta, com músculos desenvolvidos, a envergar uma espada mortífera. Não esperava por essa criatura delicada, mais adequada para os afa-zeres domésticos, para os labores da a ...

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