Livro: Uma Loira para Duncan Página 2

... e sua caneta-tinteiro sobre a mesa enquanto esperava a rea¬ção das duas idosas senhoras sentadas à sua frente. As irmãs Martha Bevane, viúva, e Amélia McKeon, solteirona, haviam contado a Samantha que moraram mais de oitenta anos em Atlanta, Geórgia, antes de decidirem mudar-se para Winter Park, Flórida, três anos atrás. As duas tinham ido pro¬curar Samantha Summers na véspera, por recomendação de amigos. Ao final do encontro, haviam sido incluídas na lista de novos clientes de Samantha, que embora trabalhasse numa filial da Corretora Steward & Duke, era uma operadora inde¬pendente de ações. Com seus coques presos na nuca, brincos de pérola e ves¬tidos de seda estampados, as duas senhoras da velha aristo¬cracia de Atlanta poderiam ter passado por gêmeas, mas Sa-mantha sabia que Martha era um ano mais velha que Amélia. E agora ambas a encaravam com seus olhos azuis de expressão idêntica. Forçada a encará-las de volta, Samantha sentiu a raiva cres¬cer dentro de si ao lembrar-se do que descobrira no dia anterior. O livro-razão das irmãs Bevane e McKeon mostrara em nú¬meros claros um crime odioso. — E isso é bom, querida? — indagou Martha. — Creio que Raymond não nos explicou o termo \\"movimentação\\". — Ela olhou para Amélia, que assentiu com um gesto de cabeça, e acrescentou: — Talvez ele tenha guardado a informação para nos fazer uma surpresa. Sem dúvida, pensou Samantha, irritada. Raymond Fosker, o antigo operador de ações das duas irmãs, provavelmente revelaria a surpresa enquanto estivesse dirigindo seu Rolls-Royce recém-adquirido para bem longe da Flórida. — Não, Sra. Bevane, a movimentação não é uma coisa boa. Se as entradas no seu livro-razão estiverem corretas, isso sig¬nifica que o Sr. Fosker movimentou a carteira das senhoras em proveito próprio. A viúva e a solteirona trocaram um olhar de tamanho espanto e desamparo que Samantha desejou ter uma varinha de condão pára desfazer de i ...

ediato as falcatruas de Raymond Fosker. A movimentação indevida da carteira de ações não era a única má notícia a ser dada. Forçada a contar às duas irmãs que uma série de investimentos inadequados fora feita com seu dinheiro, como a compra de ações de uma companhia exploradora de petróleo quase falida, ela sentiu-se como al¬guém obrigado a revelar a uma criança que o coelho da Páscoa e o Papai Noel não existem. Será que Martha e Amélia seriam fortes o bastante para suportar o golpe? — Além da movimentação, há investimentos na sua carteira com a Corretora Durnam & Sims que eu considero impróprios para os objetivos que discutimos — declarou Samantha, cons¬trangida. — Quais objetivos as senhoras estabeleceram com o Sr. Fosker? — Não estabelecemos objetivo nenhum — respondeu Mart¬ha. — Apenas dissemos a ele que queríamos aprender a fazer investimentos, mas que não sabíamos onde aplicar nosso di¬nheiro. E Raymond se dispôs a nos aconselhar. . . Samantha reprimiu um gemido de ódio. Depois de uma con¬versa dessas, Raymond devia ter dado saltos de alegria. Bem, já haviam falado o bastante sobre investimentos no momento. Era hora de passar para outros assuntos igualmente urgentes e importantes. — As senhoras já mandaram a carta para a Durnam & Sims? — Que carta? — quis saber Martha, sorrindo. — A carta pedindo que as suas apólices sejam transferidas para a sua nova carteira, na Corretora Steward & Duke, explicou Samantha, com um suspiro. A viúva e a solteirona arregalaram os olhos. — Oh, céus — murmurou Amélia. — Nós esquecemos. — É verdade, nós esquecemos — repetiu Martha. — Nas atuais circunstâncias, acho que as senhoras devem colocar a carta no correio o mais depressa possível, não é mesmo? Samantha instruiu sua assistente de vendas, Ginny, para da¬tilografar uma carta de transferência a ser assinada pela Sra. Bevane e pela Srta. McKeon. Minutos mais tarde, Ginny trouxe o do ...

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