Livro: Casamento em ruínas Página 2

... ia de primeira linha, só que trabalhar com o próprio pai era diferente de trabalhar com estranhos. Por outro lado, o Dr. Brinkman ficara bastante impressionado com os desenhos dela, e então lhe fizera o convite. Por que não aceitar as coisas como vinham? Esta expedição era uma oportunidade ímpar. Devia agarrá-la com unhas e dentes, sem se emaranhar nos porquês. Olhou pela janela outra vez e viu o reflexo pálido do homem a seu lado. . Que endireitava a cadeira a pedido da aeromoça. Encontrara Graham Horsey há uns seis meses atrás e agora se conheciam muito bem. Ele era quatro anos mais velhos do que ela e se tornou à pessoa mais segura e confiável que conhecia. Não podia dizer exatamente quando as coisas entre eles começaram a mudar de simples amizade para algo mais profundo. Havia um espaço vazio na sua vida e ele começou a preenchê-lo, devagar. Não queria pensar mais além. O futuro que poderiam compartilhar era cheio de problemas que ela ainda não se sentia pronta para enfrentar. Já em terra, as formalidades foram longas e cansativas. Acomodada, afinal, no banco de trás do táxi, Danna recostou a cabeça para descansar e perdeu-se em divagações sobre a expedição. Desde a descoberta a dois anos, da "cidade perdida", só haviam feito uma missão exploratória e superficial, sem maiores conclusões. Com o apoio da/Fundação Linden, John Brinkman podia agora passar muitos meses mergulhado no passado, com uma equipe habilitada para ajudá-lo. Foi assaltada outra vez pela dúvida sobre sua própria capacidade, mas não se deixou abater. A chave do sucesso era a confiança. Apesar de sua experiência de campo ser limitada, sabia muito bem o que se esperava dela. Deixar que as qualificações profissionais dos outros membros da equipe a intimidassem, nessa altura dos acontecimentos, não ia levar a nada. Aparentemente, a cidade pouco mudara durante aqueles anos: os altos prédios de concreto do centro, os bairros pobres da periferia, onde a ...

casinhas se amontoavam, lado a lado, em ruas estreitas e tortuosas. Iam para a zona da classe mais alta, Mirafiores, para uma casa grande, em estilo espanhol, alugada pela Fundação como base para a equipe. O que Danna não esperava era o incrível luxo da residência. Os quartos ficavam lado a lado, num corredor comprido, com mobília escura, dando para os jardins que podiam ser vistos das pequenas varandas. Em frente dos quartos, um banheiro. Danna foi tomar um banho rápido e pegou, na mala, um de seus dois vestidos. Não trouxera quase nada leve, só suéter e jeans para enfrentar o clima frio das montanhas. Já de banho tomado e de vestido de linho creme, sentiu-se revigorada e recuperou seu equilíbrio normal. As pessoas reunidas nesta casa compartilhavam dos mesmos interesses e ambições e isso já era um bom ponto de partida. Juntou-se a Graham e desceram. Atraídos pelas vozes, chegaram a uma sala muito bem mobiliada. Das seis ou sete pessoas espalhadas por ali só duas eram mulheres. A mais velha, beirando os cinqüenta anos, foi a que se destacou do grupo para dar as boas-vindas aos recém-chegados, levantando-se e vindo até eles com um sorriso. — Alô, Graham! Que prazer vê-lo outra vez! Norte-americana, pensou Danna, simpatizando com ela na hora. Era Edith Renington, uma das mais conhecidas antropólogas dos Estados Unidos. Estavam em um empreendimento misto, com membros dos dois lados do Atlântico, de acordo com as necessidades de assessoria de John Brinkman. Estar incluída nesse grupo era mais do que um elogio. Granam puxou-a de leve pelo braço para fazer as apresentações. -— Então, é filha de James Campbell —- disse a Dra. Remington observando-a, com franqueza. — Trabalhamos juntos em várias ocasiões, seu pai e eu. Senti muita sua morte. Era um homem maravilhoso e um brilhante arqueólogo. Venha conhecer o resto da equipe. Os nomes e os rostos se misturaram durante os momentos seguintes. De todos, Danna só conseguia de ...

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