Livro: Troca de alianças Página 2

... Os olhos acinzentados se direcionaram para os lábios sensuais masculinos enquanto ele falava. A voz dele possuía um leve sotaque e fazia com que Lily sentisse um arrepio repentino percor¬rer-lhe toda a base da espinha. — Você aparenta ser jovem e saudável — ele opinou, sem rodeios. — Sugiro que tente trabalhar para viver. Afastando-a gentilmente para o lado, após ter feito o comentário rude, ele colocou as mãos nos bolsos do ca¬saco e foi embora. Atrás dela, Lily ouviu alguém gritar: — Eu ouvi isso! Quer que eu vá atrás dele e lhe dê uma boa lição? — Meg! — O encanto foi quebrado e ela voltou à rea¬lidade. Lily girou o corpo para encarar a antiga amiga de escola. Meg era bem mais alta do que ela, aliás, a ami¬ga era \\"maior\\" em todos os sentidos. Ninguém arrumava confusão com Meg. Especialmente quando ela estava com uma expressão que prometia vingança! Lily forçou um riso para a amiga. — Oh, esqueça. Obviamente ele pensou que eu fosse uma indigente. — Um lastimável relance para o velho casaco e as calças surradas confirmava que aquela suposi¬ção era totalmente aceitável. — Esquecer? Você perdeu seu bom senso! — Criticou a amiga. — Tem 23 anos de idade e ainda continua traba¬lhando para os outros a troco de nada! — Vale à pena — ela declarou sem hesitar. Lily não possuía o trabalho mais glamoroso ou financeiramente recompensador do mundo, mas a supria de forma consi¬derável no aspecto de satisfação pessoal. Não estando convencida, Meg segurou um dos braços de Lily com força e a convidou: — Vamos tomar um café. Por minha conta. Cinco minutos depois, Lily já começava a se esquecer do homem mal-humorado e do efeito que ele provocara. Acomodada em uma das pequenas mesas da Ye Olde Copper Kettle, ela conseguiu entrar no clima agradável da cafeteria. Depositou a lata dourada sobre a mesa e retirou o chapéu ensopado, revelando os cabelos lisos cor de caramelo. Lily alegrou-se ao ver a g ...

rçonete idosa se apro¬ximando com a bandeja lotada, e apressou-se em ajudá-la a retirar as xícaras e o açucareiro, ao mesmo tempo em que perguntava: — Como está seu neto? — Está melhorando, obrigada. Já saiu do hospital. O pai dele disse que se ele \\"olhar\\" novamente para uma mo¬tocicleta, irá se arrepender muito! A garçonete sorriu para Lily e, olhando a lata dourada que estava sobre a mesa, comentou: — Hoje não está um bom dia para recolher doações, não é mesmo? Este lugar esteve vazio durante a manhã toda. E, por falar nisso, se eu arranjar tempo, pretendo comprar alguma coisa de você na exposição. A expressão de Lily tornou-se desanimada enquanto assistia à garçonete se afastar. A venda de objetos usados que era realizada duas vezes ao ano, organizada para au¬mentar os fundos para a Life Begins, parecia fadada a ser um fracasso total. Ela achou melhor expor a preocupação para Meg. — Essa é uma cidade pequena e muitas vezes não se pode reutilizar roupas, livros e enfeites. Até agora, as doa¬ções foram fracas. E por mais que estejam em excelente estado é o tipo de coisa que as pessoas olham, mas nem pensam em adquirir. — Posso ajudá-la com isso. — Meg encheu as xícaras de porcelana com o café fresco. — Você sabia que Felton Hall acabou de ser vendido? — E daí? — Lily sorveu um gole do saboroso café. O Hall, situado uns dois quilômetros adiante da pequena casa da sua tia-avó, esteve no mercado de vendas desde a época em que o velho coronel Masters falecera, há seis meses. Essa era a primeira vez em que ela ouvia falar so¬bre a venda, mas Meg deveria saber o que estava dizen¬do, pois trabalhava em uma filial da Nation Wide Estate Agents, localizada na cidade grande e mais próxima, uma das imobiliárias mais conceituadas do país. — Como isso pode me ajudar? — Vai depender da sua esperteza. Seria até melhor se você se antecipasse à presença de outros interessa¬dos na aquisição do ...

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