Livro: Casamento por correspondência Página 3

... -la esquecer tudo o que tinha aconteci¬do, e não pretendia decepcionar as velhinhas. — Vamos sentir. muito a sua. falta — Ethel anunciou, entre soluços de choro, olhando para Mabel. — Será apenas por uma semana, queridas. Elas evitaram encarar a sobrinha e, mais uma vez, Caroline perguntou-se o que estariam escondendo. — É que uma semana parece tempo demais. — Você está com a passagem? — Mabel perguntou, apressada. — Sim, está aqui — mostrou Caroline. — Lembre-se de que encontrará um jovem bonito esperando por você em Fairbanks. — Certo. — Caroline deu uma piscada. As duas já tinham lhe explicado todos os detalhes da viagem pelo menos umas cinqüenta vezes. — E ele me levará para. — Atta — as duas completaram ao mesmo tempo. — Lá, vou encontrar. — Paul Trevor — responderam em uníssono, um pouco encabuladas. — Certo, Paul Trevor — Caroline repetiu, atenta ao compor¬tamento das tias. Havia dias que elas agiam como crianças, cochi¬chando às escondidas. Suspeitava que estivessem escondendo alguma coisa. Pensava nisso quando iniciou-se a chamada dos pas¬sageiros. Então, despediu-se mais uma vez e preparou-se para em¬barcar. — Seja muito feliz — Ethel desejou-lhe, e seus olhos encheram-se de lágrimas. Mabel emocionou-se tanto que quase não conseguiu repetir as palavras da irmã. Tomando umas das mãos de Caroline, cumpri¬mentou-a despedindo-se: — Felicidades, minha menina. muitas felicidades. Confusa com a atitude das tias, Caroline balançou a cabeça e tomou o corredor que conduzia ao jato. A aeromoça acompanhou-a até a primeira classe, e ela se pôs a pensar em como as duas te¬riam conseguido pagar-lhe aquela viagem. Reclinou a cadeira o má¬ximo que pôde. No saguão do aeroporto, Ethel e Mabel permaneceram paradas, contemplando o avião que levaria a adorada sobrinha. — Está feito, minha irmã — Mabel falou com afeto. — Afinal, Paul Trevor escolheu-a entre muitas outras. ...

— Parece ser um bom homem. — E é bastante bonito. — Só que agora está usando barba. Foi o que disse na carta. Será que Caroline gosta de homens barbudos? — Realmente não sei. — Ethel balançou a cabeça em sinal de dúvida. — Com o tempo, ela aprenderá a amá-lo. — Sim, serão muito felizes. — Talvez se amem tanto quanto vovó e vovô. — Doze filhos. Oh, querida, que pensamento encantador! A irmã fitou-a feliz, e as dúvidas se desvaneceram. — Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. A mãe dela te¬ria ficado orgulhosa de nós. — E também nossa tataravó — Ethel acrescentou, e as duas abraçaram-se tão efusivamente que atraíram alguns olhares cu¬riosos. Caroline dormiu durante a maior parte do trajeto. Seu emprego como enfermeira particular do dr. Kenneth James a obrigava a tra¬balhar muitos dias seguidos, portanto estava exausta. Felizmente ele permitira que se ausentasse por uma semana. No último dia de trabalho dela, o doutor apertara-lhe a mão e também desejara felicidades. Relacionando aquela atitude com o estranho comportamento das tias, Caroline considerou que por trás de tantas felicitações deveria haver algo que ela desconhecia. Balançou a cabeça para afastar qualquer suspeita e pensou no relacionamento doloroso que havia tido com Larry. As luzes do avião estavam apagadas, e os outros passageiros da primeira classe dormiam. Na cabine da frente, duas aeromoças to¬mavam café e conversavam. Notando que Caroline tinha acorda¬do, uma delas aproximou-se de sua poltrona. — Você perdeu a refeição. Gostaria de comer algo? — Não, obrigada. Acompanhando o andar da moça, que se distanciava, e sem con¬seguir esquecer a figura de Larry, Caroline imaginou que aquele era o tipo de mulher com quem seu ex-noivo deveria se casar. Ti¬nha plena consciência de que seu relacionamento com ele jamais tivera muitas chances. Larry era um homem que gostava da noite e do conforto. Ela, por outro lado, er ...

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