Livro: Casamento por correspondência Página 2

... s, querida. — Mabel hesitava. Afinal, elas mesmas não tinham se casado; não fazia sentido imaginar que seriam bem-sucedidas em encontrar um marido para a sobrinha. Ansiosa, Ethel agitava as mãos depois de recolocar a xícara so¬bre o pires. — Minha irmã, minha irmã! Acho que encontrei a solução — exclamou, excitada, procurando pelo jornal do dia. — A nossa me¬nina ficará noiva por correspondência. — Isso não funciona mais como antigamente! — Mabel fitou-a, incerta. Ethel folheava o jornal apressada. Ao localizar a seção de clas¬sificados, apontou para os anúncios pessoais. — Aqui está, leia isto. Mabel leu com a voz alta e trêmula: — "Homem residindo no Alasca, com 32 anos, procura uma moça para se casar. Favor enviar foto. Fornecerei transporte. Cor¬respondência para Paul Trevor, na Caixa Postal 1365." Será que devemos? — Claro que sim; Caroline está bastante infeliz. — Sim, e já teve sua chance de escolher sozinha. — E o bruto deixou-a esperando no altar! — Um insensível! — comentou a outra. — Mas ela não pode saber de nada. — Naturalmente, querida, pois não concordaria. — Ah, o chá nos ajudou! — Sem dúvida! Mais um pouco? Ethel levantou a xícara e Mabel encheu-a de novo. Um pequeno sorriso iluminou-lhe o rosto. — A receita de papai nos foi muito útil. — Sempre é, minha irmã, sempre é. — Oh, sim, certamente. CAPÍTULO I No Aeroporto Internacional de Seattle-Tacoma, um Boeing 767 preparava-se para aterrissar. Contemplando os largos pneus chocarem-se contra a pista, Caroline Myers deu-se conta de que, dentro de poucos minutos, estaria embarcando para aventuras des¬conhecidas no Alasca. — Está levando tudo, meu bem? — Mabel perguntou-lhe pela milésima vez. — Tia Ethel, tia Mabel, pensem bem. Não posso permitir que me paguem essa viagem. — Imagine, querida, não há problema — Ethel respondeu, rin¬do. — É um presente que fazemos questão de lhe dar ...

— Mas. ir para o Alasca em outubro? — Será maravilhoso, querida, eu garanto — Mabel prometeu. — Sim, maravilhoso. — Ethel esforçou-se para esconder um sor¬riso. — Haverá uma linda surpresa esperando por você. Caroline fitou-as com desconfiança. As duas eram suas únicas parentes em Seattle e as amava muito. Porém, nos belos olhos azuis das duas velhinhas, que já passavam dos setenta anos, havia uma chama meio travessa que a inquietava. — Esta viagem é muito cara, titias. — Deixe de bobagens. — Corra, querida, ou perderá o avião. — Só mais uma pergunta — Caroline exigiu, e as duas troca¬ram um olhar cúmplice. — Sim? — Por que o exame de sangue? Nunca foi necessário para via¬jar dentro dos Estados Unidos. — Deve ser algum regulamento novo. — Sim, alguma decisão do governo — Ethel acrescentou. — Pegue isso, querida. — Mabel entregou-lhe uma cestinha de vime cuidadosamente embrulhada. — Preparamos uma garrafa tér¬mica com o chá especial de papai, para o caso de você precisar. — É, pode ser que eu precise. — Caroline sorriu. Desde os de¬zoito anos conhecia as qualidades da receita de seu avô. — E escreva, querida. — Claro, vou mandar um cartão-postal todas as semanas. Caroline beijou as tias e abraçou-as com carinho. Ethel não con¬seguiu reprimir um soluço, e Mabel lançou um olhar de reprova¬ção à irmã. Aquelas duas velhinhas sempre foram a alegria da vida de Ca¬roline. Eram charmosas, vivazes. muito encantadoras. Haviam feito tudo o que podiam para ajudá-la a esquecer Larry, e então apareceram com a idéia da viagem. No início, Caroline havia rejeitado a proposta. Não teria feito nenhuma objeção se lhe sugerissem o Havaí, porém ir ao Alasca em outubro não lhe parecia muito racional. Entretanto, as tias in¬sistiram tanto em afirmar que aquela seria a melhor opção, que terminou por concordar. Afinal, tratava-se de um presente cujo único objetivo visava fazê ...

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