Livro: Amantes por um dia Página 2

... iso de boas- vindas, fácil levantar a mão e estendê-la, enquanto John gaguejava as apre¬sentações. Elegante podia ser, poderoso como editor sem dúvida era, mas daí a considerá-lo um presente dos deuses, como faziam muitas mulheres, havia uma enorme distância. Parecia-lhe um homem como inúmeros outros: rude, frio, um apostador. Exatamente como alguém que conhecera. Era até meio parecido com seu antigo namorado. Até mesmo jogava o cabelo para o lado como Graham, e tinha a mesma com¬pleição musculosa. Partilhavam diversas características, se a descri¬ção feita pelos jornais correspondesse à verdade: um profissional oportunista e um devorador de corações, no que se referia a mulheres. Mas enquanto Buchanan mantinha sua condição de solteirão, Graham fora fisgado: por sua própria irmã entre todas as mulheres. Eles haviam se casado um ano atrás, um ano durante o qual a dor constante da traição, ferira profundamente a alma de Liza, sempre que se lembrava dos dois romanticamente abraçados, em seu chalezinho do Welsh. Yvonne alegremente cozinhando e cuidando da casa, en¬quanto a produção literária de Graham se expandia, como jamais acontecera durante os dois anos de seu namoro. — Estava aguardando este momento. Então você é Liza Kay, a vendedora capaz de garantir a sobrevivência de uma revista editorialmente ultrapassada? As palavras rudes pronunciadas com suavidade, mas sem nenhuma sutileza, embaraçou a todos. — Se isto foi um cumprimento, sr. Buchanan, devo admitir que escolheu mal as palavras. — Retirou a mão que havia estendido, mas conservou o sorriso cordial. — Nem todos são tão francos quanto o senhor — corrigiu-se educadamente. Ele apenas arqueou uma sobrancelha, voltou-lhe as costas e deixou a sala, acompanhado por seus seguidores. Para surpresa de Liza, um tremor atravessou-lhe o corpo, um arrepio peculiar cuja origem não conseguiu detectar. Sentou-se de¬sanimada na cadeira. — Isto foi uma estupidez, ...

realmente uma estupidez! Tantos anos de experiência, e na primeira oportunidade, falo tudo que me vem à mente, como uma criança. — Bota estupidez nisso! — Júlia murmurou com um misto de admiração e medo. — Você será a primeira a sair! Recomposta, Liza puxou o cabelo para trás. — Primeira ou última, não faz diferença, somos todos parte dos subalternos que Buchanan despedirá. — Não se importa? — A voz de Júlia soou cheia de ansiedade. — Está disposta a recomeçar de zero, em outro lugar? — É claro que me importo. Receio tanto o desemprego e as mudanças, quanto qualquer pessoa — admitiu com um suspiro. — Então por que insultá-lo na frente de todo mundo? Acho que você estava fora de si! "Sábia Júlia" pensou Liza, já arrependida. Havia cometido uma inacreditável tolice. Se perdesse o emprego, o que provavelmente ocorreria, que seria dela? Suas despesas eram muito elevadas, pois assumira a compra da casa na época em que tudo ia bem com Graham, e imaginara que logo se casariam. Escolhera uma típica residência urbana com terraços, perfeita para ambos. Próxima a cidade no lado sul de Embankment. Teatros, restaurantes, exposições de arte; tudo o que gostaria de compartilhar com Graham bem a mão… mas ele rompera o compromisso, pois se enamorara de sua ecológica irmã, com seus sonhos de uma casa nas montanhas. Era esta na verdade a origem de seu insulto a Robert Buchanan, compreendeu com um sobressalto no coração. Voltava sempre a Gra¬ham, através de qualquer homem que cruzasse seu caminho. Bucha¬nan fora o alvo do dia. Pena que não houvesse dirigido sua artilharia, contra alguém menos influente. Para uma diretora de propaganda de vinte e oito anos, era bem parva! — Sinto muito — murmurou Liza mais tarde, quando John Standish entrou na sala, durante o intervalo do almoço. As cores de John haviam retornado, um efeito provocado pela saída de Robert Buchanan e comitiva. Ele afundou na poltrona e esfre ...

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