Livro: Anjo Secreto Página 3

... ê me disse. — Ele deu uma gorjeta ao carregador, deixou que ele fosse devolver a cadeira de rodas, e depois fechou o porta-malas e abriu a porta do passageiro da frente. — Entre. Podemos continuar essa conversa depois. Como ela poderia esperar, ele dirigia com habilidade. Meia hora depois de deixarem o aeroporto, eles seguiam pelas ruas arborizadas de Vouliagmeni, um belo bairro de Atenas, com vista para o golfo e a península, os quais Pavlos descrevera tão brilhantemente. Logo depois, ao final de uma rua paralela à praia, Niko manobrou o carro passando por portões de ferro, que se abriram com um controle remoto. Emily já sabia que Pavlos era um homem consideravelmente rico, mas não estava preparada para a opulência assustadora que a confrontou, quando a Mercedes seguiu pelo caminho curvo e ela avistou aquela. O quê? Uma casa? Mansão? Localizada numa linda paisagem cercada de pinheiros, o local desafiava a descrição mundana. Paredes de um branco cegante se erguiam às telhas num tom de azul, como ela imaginava ser o céu de Atenas, embora nessa tarde de setembro o céu estivesse cinzento e ameaçador pela tempestade que se aproximava. Janelas imensas abriam para varandas sombreadas por pérgulas forradas de vinhas floridas. Na frente havia uma fonte volumosa, e pavões passeavam pela propriedade enquanto um cão latia. Ela teve pouco tempo para se maravilhar, pois assim que o carro parou, as portas duplas da frente se abriram e um homem de cinquenta e poucos anos, talvez sessenta, surgiu com uma cadeira de rodas. Georgios, o mordomo dedicado, presumiu ela. Pavlos falara sobre ele com grande carinho. Logo atrás veio um jovem, na verdade um menino, que começou a descarregar a bagagem, enquanto Niko e o mordomo tiravam Pavlos do carro e o colocavam na cadeira. Até terminarem, ele estava pálido e seus lábios pareciam mais contorcidos que o habitual. Até Niko pareceu preocupado. — O que pode fazer por ele? — sussurrou ele para Emily, enqu ...

nto Georgios levava o patrão por um corredor largo de mármore. — Dar-lhe algo para dor e deixá-lo descansar — disse ela. — A jornada foi muito dura para ele. — Nem me parece que ele estaria em condições de viajar, para começar. — E não estava. Por causa da idade e da seriedade de sua osteoporose, ele realmente deveria ter permanecido mais uma semana no hospital, mas insistiu em voltar para casa, e quando seu pai decide, nada o faz mudar de ideia. — Diga algo que ainda não sei. — Niko fez uma cara feia, enquanto tirava a jaqueta. — Devo chamar seu médico? — Pela manhã, sim. Ele irá precisar de mais medicamentos do que eu trouxe. Mas eu tenho o bastante para esta noite. — Esforçando-se para manter a postura profissional, apesar do calor que emanava com a proximidade do corpo de Niko, ela passou por ele e pegou sua mala na pilha de bagagem acumulada do lado de dentro da poria. — Se puder me mostrar seu quarto, eu realmente preciso cuidar dele agora. Ele a conduziu até a parte de trás da casa, a um apartamento ensolarado, no andar principal. Composto por uma sala de estar, o quarto com varanda tinha vista para o jardim e o mar. Ainda em sua cadeira de rodas, junto à janela, Pavlos se inclinou à frente, absorvido pela vista que pareceu deixá-lo petrificado. — Ele mandou converter esta parte da casa em sua suíte particular, alguns anos atrás, quando a escada passou a ser demais para ele — disse Niko, baixinho. Olhando ao redor do quarto, Emily perguntou: — E a cama hospitalar? — Mandei vir ontem. Ele provavelmente vai me infernizar por ter tirado a outra, com a qual estava acostumado, mas essa pareceu mais prática, ao menos por hora. — Fez a coisa certa. Ele ficará mais confortável assim, mesmo não passando muito tempo nela, exceto à noite. — Por que não? — Quanto mais ele se movimentar, maiores serão as chances de voltar a andar, embora. Percebendo o tom reservado na voz dela, Niko interrompeu. ...

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