Livro: Anjo Secreto Página 2

... cionada pelo pai. Quando chegou até eles, ela perguntou, numa voz sedutora: — Então, contra as probabilidades, você voltou inteiro. Como foi o voo? — Longo — respondeu Pavlos, aparentando uma exaustão que ele certamente sentia. Nem os analgésicos, nem o luxo da primeira classe haviam sido o bastante para abrandar seu desconforto. — Muito longo. Mas, como você pode ver, tenho meu anjo da guarda ao meu lado. — Ele esticou a mão por cima do ombro e apertou a mão dela, afetuosamente. — Emily, minha querida, tenho o prazer de lhe apresentar meu filho, Nikolaos. E essa, Niko, é minha enfermeira, Emily Tyler. Nem posso imaginar o que teria feito sem ela. Novamente, o olhar de Nikolaos Leonidas a percorreu, numa inspeção insolente. Por trás de sua aparência escultural havia uma certa arrogância. Ele não era o tipo de homem a ser contrariado, pensou ela. — Yiasu, Emily Tyler — disse ele. Embora seu suéter e calças compridas a cobrissem quase por inteiro, ela se sentiu nua sob o olhar intenso. O problema eram seus olhos, pensou ela, estonteada. Não eram castanhos como os do pai, mas de um verde profundo, lembrando jade, acrescentando um toque final no rosto de beleza sinistra. Engolindo, ela conseguiu responder: — Yiasu. — Você fala um pouquinho de grego? — Bem pouquinho — disse ela. — Acabei de dizer todo meu vocabulário. — Foi o que pensei. O comentário poderia tê-la ferido, se ele não o tivesse feito com um sorriso tão encantador, deixando-a de joelhos fracos. Pelo amor de Deus, o que havia de errado com ela? Tinha 27 anos e, mesmo não sendo a mulher mais experiente do mundo, também não era nenhuma jovem inocente. Ela sabia muito bem que a aparência não contava muito. Importava o que a pessoa trazia por dentro e, a julgar por tudo que lhe haviam dito, Niko Leonidas parecia bem restrito nesse aspecto. Ao voltar novamente a atenção para Pavlos, seu jeito não ajudou em nada para persuadi-la do contrári ...

. Ele não manifestou qualquer ensejo em abraçar o pai, nem lhe deu um afago no ombro, ou na mão, oferecendo algum apoio como filho, durante sua convalescença. Em vez disso, ele recrutou um carregador para cuidar do carrinho lotado de bagagem que um dos comissários havia trazido, dizendo: — Bem, já que acabaram as formalidades, vamos dar o fora. — E saiu marchando em direção à saída, deixando que Emily o seguisse, com Pavlos. Somente ao chegarem na Mercedes que os aguardava, ele demonstrou um pouquinho de compaixão. — Não — ordenou ele, quando ela foi ajudar seu paciente a sair da cadeira de rodas e, com uma ternura surpreendente, pegou o pai nos braços e cuidadosamente o colocou no espaçoso banco traseiro, envolvendo um cobertor sobre suas pernas. — Você não precisava fazer isso — disparou Pavlos, tentando disfarçar a careta de dor. Percebendo, Niko disse: — Aparentemente, precisava. Ou teria preferido que eu ficasse olhando ao vê-lo cair de cara no chão? — Eu preferia estar sobre meus dois pés, sem precisar de nenhum tipo de ajuda. — Então, deveria ter se cuidado melhor quando estava longe — ou tido o bom-senso de ficar em casa em vez de resolver ver o Alasca antes de morrer. Emily ficou tentada a chutar o homem, mas o fulminou com o olhar. — Acidentes acontecem, sr. Leonidas. — Principalmente a homens de 86 anos que ficam viajando por aí. — Não foi culpa dele que o navio encalhasse, e ele não foi o único passageiro ferido. Considerando-se todas as coisas, e pela idade dele, seu pai se saiu muito bem. Com o tempo e a fisioterapia adequada, ele deve ter uma recuperação razoavelmente boa. — E se não tiver? — Então, eu creio que o senhor terá de assumir a responsabilidade e começar a agir como um filho apropriado. Ele piscou lentamente, movendo seus cílios longos e perturbadores. — Enfermeira e conselheira familiar — disse ele. — Mas que sorte! — Bem, o senhor perguntou. — E voc ...

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