Livro: Uma Mulher Indomável Página 2

... da bebida no copo do cowboy. Ele aspirou o cheiro do saloon, uma mistura de poeira e álcool, ainda em silêncio. — Tem gente que não consegue entender por que a viúva Terhune não aceita logo o pedido de casamento de Wood. Alguns acham que é devido ao fato de o fazendeiro já estar quase com o pé na cova. Porém, a maioria das pessoas julga que essa recusa insistente é simplesmente fruto da teimosia de uma mulher determinada a administrar a própria fazenda sozinha. Embora Doyle Shagwell seja o capataz. O cowboy atravessara aquele lamaçal, que o povo de Chelico costumava chamar de rua, e rumara para o Texas Rose sabendo que só lhe restava aguardar até obter a resposta que buscava. Tão logo a tivesse, estaria pronto para voltar para o Texas, no início da primavera. Talvez fosse bom fazer algo para preencher o tempo livre. — Onde? — O quê? Oh, a fazenda da viúva Terhune? Fica a leste de Jasper Creek. Primeiro siga até Lazy W, a propriedade de Wood. Quando chegar ao riacho, já estará dentro de Circle T. Acompanhe o curso d’água até alcançar a casa principal. Será mais ou menos um dia de cavalgada. Agora, se quiser. Depois de jogar uma moeda sobre o balcão, o forasteiro saiu. Rachel Phillips Terhune ficou imediatamente alerta. Estivera cavalgando desde o amanhecer. Agora se encontrava diante de um dilema. Ou voltava para casa já, ou teria que passar a noite ao relento. Mas era difícil desistir, quando não fora capaz de encontrar um novilho sequer. Porém, considerando o interesse que seu cavalo parecia demonstrar em algo do outro lado do pequeno monte, talvez valesse a pena investigar. Quem sabe a sorte não mudaria? Antes de subir o monte, ficou imóvel, escutando. Nada. Sentindo os pelos do corpo eriçar, tirou o rifle que costumava manter preso à sela. Dandy seguiu em frente, o barulho das passadas firmes absorvido pelo capim alto e espesso. Com os sentidos aguçados, à espera de um ruído que nunca se materializava, q ...

ase não percebeu os sinais à sua volta. Restos de uma pequena fogueira. Marcas de botas na terra dura. Antes de morrer, seu pai lhe ensinara a interpretar sinais. Ali, havia evidências de apenas uma fogueira, pequena, contudo de tamanho suficiente para esquentar café, ou talvez cozinhar uma refeição ligeira. Provavelmente alguém de passagem por suas terras. Isso não a incomodava. Desde que não lhe roubassem gado, cavalos, ou um de seus peões. A destreza de Rachel ao guiar Dandy através dos arbustos e vegetação era tal, que os ruídos provocados pela movimentação se confundiam aos murmúrios da natureza. Todavia, ao sair de detrás das árvores, no local exato onde o riacho formava uma lagoa, deu-se conta de que sua aproximação fora percebida. A uns dois metros de distância, submerso na lagoa até a altura do peito, um homem a fitava. O braço direito estava estendido para frente, á mão forte, imóvel, empunhando um revólver. Esse detalhe não a preocupou muito, pois apontava o rifle para o desconhecido também. Por um instante, os olhares de ambos se encontraram. Nenhum dos dois fez qualquer movimento. Ou disse uma palavra. Nunca o vira antes. Ou teria se lembrado. O homem tinha cabelos escuros. Quase negros, na verdade. A pele bronzeada. E não somente o rosto e pescoço, mas as partes que em geral ficavam cobertas pela camisa. As feições viris compunham-se de ângulos definidos. Queixo quadrado, nariz reto, lábios firmes e bem desenhados. Apenas os olhos revelavam alguma emoção. Concentração total. Mortal. Uma frieza que se apoiava na convicção de que seu revólver era páreo para qualquer rifle. Rachel estremeceu. O medo não deixa espaço para a razão, seu pai costumava dizer. Pareceu uma eternidade antes que o estranho apontasse o revólver para o alto, embora tivessem se passado breves segundos. Ela respirou aliviada. Diria a esse homem que tipo de hospitalidade esperar em suas terras e o que não seria tolerado. ...

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