Livro: Escrava de uma ilusão Página 3

... em seja uma ilha grega. . . Tenho certeza, porém que é uma ilha no Mediterrâneo. Tessa franziu a testa. Por que esse interesse repentino pelo paradeiro de Paul? O que ele tinha feito para ela durante as breves horas que o conhecera? Era uma criatura feliz e despreocupada até o dia em que foram apresentados, a noite fatídica em que Paul surgiu na sua vida. — Não é possível averiguar isso, papai? — Tessa, meu bem, esqueça o Paul. Case com um homem que gosta de você! — Papai, eu não vou me casar nunca! -— disse Tessa com a voz trêmula. — Essa não é uma atitude muito sensata, filha — comentou o pai quando a porta da frente se abriu e os dois ouviram a voz de Lucinda no corredor. — De quem é esse carro parado no portão? Ah é você, Tessa! Que bom encontrá-la aqui! Como você está morena, menina! Você está com uma aparência maravilhosa! Apesar das exclamações de surpresa, dos elogios de praxe e da expressão de alegria, Lucinda não se dera ao trabalho de escrever uma linha sequer para sua irmã nos últimos anos. Lucinda parou repentinamente de falar e lançou um olhar interrogativo em direção ao pai. Tessa fora informada do acidente e do noivado recente? Seja como for, ninguém mais comentou o caso até que as duas subiram para o quarto. Lucinda estava se preparando para sair com Gerald e Tessa estava se vestindo para jantar com Joe, um dos amigos de Paul. Ele ficara de apanhá-la em casa. Os pais iam a um concerto sinfônico e os dois meninos tinham uma reunião no clube. — Nós vamos adiar o concerto para outro dia — disse o pai. Tessa, porém insistiu para que não cancelassem o programa. Ela preferia, por sinal, ter a noite livre para visitar seus conhecidos, por¬que sentia o desejo inadiável de saber que fim levara Paul. — Papai contou como foi o acidente? — perguntou Lucinda enquanto se vestia e escovava os cabelos diante da penteadeira. — Eles não mandaram dizer nada porque você não queria saber como ...

estavam as coisas entre Paul e eu. — É verdade, eu preferia não saber — confessou Tessa com franqueza. Observou a irmã escovar os cabelos ondulados. — E o desastre? Papai não soube me contar exatamente como foi. — Eu também não sei. Fiquei inconsciente com a pancada. — Depois de uma pequena pausa, acrescentou: — Paul ficou cego, você sabia? Tessa não podia entender como Lucinda falava com tanta naturalidade da tragédia que ocorrera com seu ex-noivo. — Como você pôde abandoná-lo numa situação dessa? — perguntou em voz baixa, quase num sussurro. — Ah, não me venha com um sermão! — exclamou Lucinda com impaciência. — Já bastam os comentários que ouvi de papai e ma¬mãe. Vocês todos queriam, pelo jeito, que me casasse com ele, mas quem ia sofrer era eu! Imagine só passar o resto da vida com um cego! — Lucinda alisou uma mecha do cabelo e mirou-se demorada¬mente no espelho. — De que adianta a gente ser bonita se o marido não pode apreciar essa beleza? É verdade, muito bonita. . Era natural que Paul se desinteressas¬se de Tessa no mesmo instante em que vira Lucinda. Tessa aproximou-se da irmã e mirou-se no espelho com um olhar objetivo e im¬pessoal. Tinha o rosto bem feito, mas o contorno da estrutura óssea não era muito atraente. A boca era do mesmo tamanho e formato que a de Lucinda, mas não tinha aquele quê indefinível que fazia uma grande diferença na aparência. Os olhos, no entanto, eram bem espaçados e claros, com uma luz suave e acastanhada que não se via nos olhos da irmã. Os cabelos eram bonitos e sedosos, admitiu Tessa com alegria. Da cor de mel, com tons de cobre e de ouro velho, e caíam em ondas suaves sobre os ombros. Não, o nariz não era comum, decidiu, tocando na ponta e perguntando a si mesma que diferença faria se fosse um pouquinho menos arrebitado. . . Não, não era comum, mas comparado com o de Lucinda. . . Era natural que os rapazes passassem por Tessa sem voltar a cabeça qua ...

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