Livro: Escrava de uma ilusão Página 2

... Como Lucinda pode estar noiva de outro rapaz? — Paul perdeu a vista, minha filha. — Cego? Tessa abriu a boca perplexa, sem poder aceitar a notícia. Paul, o rapaz mais bonito, orgulhoso e seguro que ela conhecia, com a con¬fiança superior à de um deus da antiga Grécia! Tessa sacudiu a cabeça incredulamente, aturdida com o choque. — Não, não é possível! — Cegueira incurável, em conseqüência do acidente. Lucinda desistiu do casamento. Tessa levantou-se da cadeira e tornou a se sentar. Isso era impensável! Lucinda adorava Paul. — Mas eles estavam apaixonadíssimos um pelo outro! — exclamou, enquanto o pai se limitava a balançar a cabeça. — Parecia que sim. Nós todos ficamos muito aborrecidos com Lucinda na ocasião. Mas, depois de algum tempo, fomos obrigados a nos resignar com sua decisão. Não podíamos querer que ela se ligasse a um homem cego para o resto da vida. Sobretudo sendo bonita e vai¬dosa como ela é. Isso era verdade. Tessa não se comparava com a irmã em beleza física. Era por isso que Paul, após conhecer Lucinda, não quisera mais saber dela. — O que aconteceu exatamente? — Foi há um ano, mais ou menos. Paul estava correndo um pouquinho e. — Paul nunca foi de correr! Ele era um motorista muito cuidadoso. — Mas dessa vez ele se descuidou. — O pai fez uma pausa e enrugou a testa. — Lucinda não quis contar como foi. Mas insistiu que Paul estava correndo. Lucinda não costumava mentir. Tessa lembrou-se da noite em que conhecera Paul, a noite que mudara toda sua vida e que trouxera um mundo de infelicidade para ela. Paul se oferecera para levá-la até em casa, e ela percebeu o cuidado com que ele dirigia dentro dos limites da velocidade máxima. — Lucinda não se feriu no acidente? — Ela não recebeu um arranhão sequer, graças a Deus. O carro capotou e pegou fogo. Paul ficou terrivelmente queimado. — Que horror! O rosto também? — Não, somente as mãos e os braços. — E a vist ...

? — Parece que foi devido ao choque. Dizem que a pessoa pode per¬der a vista em conseqüência de um choque emocional muito forte. — Choque emocional? — Tessa pensou no mesmo instante que havia algo estranho no fato, não conseguiu obter maiores informações do pai durante o resto da conversa. Como ele próprio explicou, Lucinda foi muito reticente a respeito do acidente, tanto na ocasião como mais tarde. — E não tem cura? — insistiu Tessa, com o rosto abatido. A cegueira resultante de um choque, segundo sabia, podia ser tratada. — Paul é um homem rico e consultou diversos especialistas. Recebeu um tratamento prolongado no hospital, mas não adiantou nada. Todos os médicos foram unânimes ao afirmar que não havia cura para sua cegueira. — E foi então que Lucinda o abandonou? — perguntou Tessa em voz baixa. O rosto do pai tornou-se sombrio, mas ele não comentou nada. Tessa aproveitou para indagar onde Paul estava agora. — Ele ainda mora no mesmo apartamento em Londres? — Não, mudou-se para outro país. . Creio que foi morar numa ilha grega. — O pai serviu o chá na xícara dela e colocou-a na sua frente. — Numa ilha grega! Qual delas? — Olha, eu não sei dizer. — Fitou-a com ansiedade. — Esqueça o que aconteceu, minha filha. Encontre um rapaz simpático e case-se com ele. Paul não serve para você. Tessa olhou fixamente para a xícara fumegante e deu um suspiro. — Você disse que Lucinda está noiva. . . — Pois é. De um menino muito bonzinho. Bem, ele não é mais um menino. Tem um ano mais que Lucinda. Os dois se adoram. — Quando vão casar? — Em junho. Está vendo só? Você não quis receber notícias e não ficou sabendo de nada do que aconteceu no último ano — comentou o pai com uma pequena inflexão de crítica na voz. — Eu sei disso. Mas pensei que Lucinda já tinha se casado há muito tempo. — Fez uma pausa. — Essa ilha grega. . você não tem idéia qual seja? — Nenhuma. Talvez n ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: