Livro: Sonho de bailarina
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... Bianca Ed. de Férias nº09 Copyright: Claire Harrison Título original: "Dance While You Can" Publicado originalmente em 1984 Digitalização/ Revisão: m_nolasco73 ESTE LIVRO NÃO CONTÉM RESUMO CAPÍTULO I Os aplausos de duas mil e quinhentas pessoas ecoaram entusiasmados pelo teatro, e ela os acolheu com uma reverência graciosa. Acabara de interpretar a rainha Odete em O Lago dos Cisnes e pressentia que aquela noite a levaria às glórias do estrelato. Entretanto, seus quase vinte anos no balé clássico faziam aquele triunfo parecer efêmero, nada mais do que um sonho do qual ela despertaria na manhã seguinte. Voltaria, então, à barra de exercícios e ensaiaria os passos para o próximo balé, nada diferente da rotina que vinha cumprindo desde que entregara sua vida ao maravilhoso mundo da dança. Carrie hesitou antes de entrar no restaurante do hotel. Diante daquela entrada imponente, com desenhos exóticos trabalhados em ferro batido, a imagem que se estendia aos seus olhos era de luxo e requinte. O salão acarpetado em azul-escuro, as velas apoiadas em castiçais de vidro sobre as mesas, as toalhas de linho branco, cada detalhe, enfim, compunha um todo harmônico naquele ambiente nobre. Durante o dia, a aparência daquele local era o de uma sala de refeições apenas, mas à noite, quando algumas das mesas eram retiradas, para deixar espaço à dança, e a porta corrediça que separava o bar do restaurante era aberta, a atmosfera tornava-se íntima, atraente, quase sensual. A melodia ritmada de um fox-trot dos anos cinqüenta chegou aos ouvidos dela, que deu alguns passos adiante para observar o conjunto que a executava. Sob a luz fosca de um spot, três homens tocavam piano, saxofone e bateria a um canto do salão. Alguns pares dançavam na pequena pista, enquanto outros apenas assistiam de suas mesas. Vez por outra, a chama de um isqueiro iluminava rapidamente um rosto para apagar-se em seguida, sobrando apenas a ponta avermelhada de u ...

cigarro na penumbra. Carrie entrou no restaurante e procurou ignorar os olhares masculinos que a acompanhavam, à medida que sua figura esbelta avançava pelo salão. Chegou até a porta que ficava na outra extremidade, e saiu para um pátio muito amplo, que dava vista para a praia, iluminada apenas pela lua cheia pendurada no céu da Flórida. A areia estendia-se como um carpete alvo e as águas do Golfo do México, de um azul brilhante à luz do dia, estavam tão escuras quanto a noite, a não ser pelo reflexo prateado do luar. Correu os dedos pela cerca de madeira e jogou a cabeça para trás, deixando que a brisa brincasse com seus cabelos. Mesmo à noite, o ar da Flórida era quente, e ela se congratulou intimamente por haver escolhido o vestido azul que deixava suas costas à mostra. O tecido leve aderia ao seu corpo conforme soprava o vento, insinuando as pernas bem-feitas. Pernas de uma bailarina. Atrás dela, o som da música, o murmúrio das vozes e algumas risadas demonstravam a alegria e a despreocupação que tomavam conta do ambiente lá dentro. Como Carrie gostaria de estar partilhando daquela descontração, ser uma pessoa comum que trabalhava em horário comercial e que podia se dar ao luxo de ter pequenos prazeres como tantas outras. Mas qual o quê! As delícias do anonimato não eram para ela. Na verdade, era surpreendente o fato de que ninguém tivesse vindo ao seu encontro até então, com um caderno e uma caneta, na caça de um autógrafo. Olhou em direção ao horizonte e suspirou. Sua escolha fora feita anos atrás, e os acontecimentos recentes levavam-na cada vez mais longe daqueles sonhos de uma vida simples, onde só haveria lugar para ela e para a dança. Agora tinha obrigações para com a Companhia, para com Casimir Rudenko, seu parceiro, e para com o público. O que seus fãs diriam ao saber que a grande e admirável Caroline Moore era uma pessoa infeliz? Estava para dar meia-volta e entrar no restaurante, quando uma voz masculi ...

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