Livro: Adorável Chantagista Página 3

... ê-las de uma eventual geada noturna. - Logo que acabar a época das geadas eles terão que pulverizar os vinhedos contra pestes - Michael explicou - Para se produzir um bom vinho é necessário paciência, conhecimento do solo e do clima, além de intuição. Essa é uma coisa com a qual se nasce; não se aprende. Nós temos que tomar esta estrada - disse, mudando de assunto e apontando uma entrada à direita da via principal. O caminho que pegaram era cercado de vinhedos de ambos os lados. Depois de atravessarem um pequeno vilarejo, avistaram o enorme castelo, de imensas paredes rodeadas por um fosso, com água cristalina. Observando aquela construção magnífica, que parecia uma miragem, Lee não compreendia a estranha sensação de apreensão que sentia. - Ora, isto realmente é um castelo - Michael comentou, impressionado. - Quando um francês fala de um castelo, pode ser desde uma modesta casa de campo até o palácio de Buckingham. Mas este realmente merece a denominação. Bastava Errol Flynn saltar de uma das janelas, espada na mão, para estarmos diante de um legítimo filme de Hollywood! Quando Lee manobrou cuidadosamente o Renault para atravessar a ponte elevadiça sobre o fosso, espantou alguns cisnes que nadavam. Ela notou que as aves, tão graciosas na água, eram muito desajeitadas em terra. A ponte dava acesso, através de um enorme portão, a um extenso pátio coberto. Lee ficou impressionada com a antiguidade, a grandeza e a riqueza daquele castelo. Lembrou-se de ter visto residências igualmente bonitas na Austrália, mas era obrigada a admitir que aquela era fantástica. As paredes eram quase cobertas por plantas, uma infinidade de flores se espalhava por todos os lados, caindo em cachos quase iguais aos da uva. O ruído do carro acordou o cachorro que dormia em frente às pesadas portas duplas. Ele começou a latir enquanto Lee estacionava. Sem descer do veículo, a garota respirou profundamente, aproveitando o frescor e a pureza d ...

ar do campo. Ouviu um ruído de água, e, assim que seus olhos se acostumaram com a relativa escuridão do pátio, notou uma fonte onde a estátua de um garoto segurava não o tradicional jarro, mas um grande cacho de uvas. Dele, caía uma água cristalina, em pequenas gotas, que faziam a fonte fervilhar como champanhe. Gerânios e lobélias, nos canteiros, acrescentavam um colorido especial ao lugar. Lee percebeu que deviam estar nos fundos do castelo, onde muito tempo atrás havia os estábulos e cavalariças. Da parte residencial apenas eram visíveis, dali, algumas janelas e as altas torres circulares. As pesadas portas se abriram e o reflexo do pôr-do-sol em uma janela deixou a garota momentaneamente cega. Um homem saiu do castelo, usando um elegante terno cinza. Tinha cabelos negros e uma postura altiva, que deixava transparecer os séculos de tradição de sua linhagem. Falou secamente com o cachorro, para que o enorme animal se calasse. Ao vê-lo, um arrepio de medo percorreu o corpo de Lee de alto abaixo, e suas mãos agarraram nervosas o volante. Michael desceu agilmente do carro e abriu a porta para que ela saísse. Lee o seguiu com dificuldade, as pernas mal conseguindo sustentá-la. O estranho se aproximou de Michael: - Sou Gilles Frébourg, conde de Chauvigny. O senhor na certa deve ser. - Michael Roberts. - O patrão de Lee se apresentou. - E esta é minha assistente, Annabel-Lee Raven. - Lee! O tom de voz do conde demonstrava uma surpresa agradável, como se tentasse disfarçar o quanto estava chocado com aquele encontro. Lee, que havia reconhecido desde o começo aquele rosto de traços arrogantes, percebeu, então, que também não poderia tomar outra atitude. - Gilles! - Procurou falar com naturalidade. - Como está tia Caroline? Trocaram um breve e formal aperto de mão. Mas os olhos da garota denunciavam que, por trás daquela aparente calma, suas emoções estavam próximas do caos. - Ela está muito bem, amando o Caribe. L ...

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