Livro: Adorável Chantagista Página 2

... já havia avisado que desta vez não podiam falar muito, pois estaria na França, a negócios. Quando o avião tocou o solo, Lee se deu conta de que devia pensar no trabalho, e não ficar sonhando com o noivo. O emprego era muito importante para ela, e queria fazer tudo direito. Sabia que Michael estava satisfeito com seu desempenho, mas, mesmo assim, continuava ansiosa. Enquanto caminhavam em direção ao carro, um Renault azul-escuro, combinaram de se revezar no volante, já que a viagem duraria várias horas. Lee sentou-se no banco com elegância. Vestia um conjunto rosa-claro que realçava suas longas pernas. O forte sol de maio fazia seus cabelos brilharem. Decidiram não fazer nenhuma parada para comer. Além de já terem tomado um lanche no avião, um almoço na França era sempre muito demorado. Depois de Orleans, Lee tomou o volante. Era uma boa motorista: dirigia com bastante cuidado e não se apavorava com as desconcertantes manobras feitas pelos franceses. Michael observava, divertido, a concentração dela. Era a primeira que tinha uma mulher como assistente. Nunca havia pensado em contratar a garota, mas as qualificações e a experiência reveladas por Lee eram infinitamente superiores às dos outros candidatos ao emprego. Um comprador de vinho precisa ter amor ao vinho e conhecer os segredos de sua fabricação. Só assim pode distinguir um vinho realmente superior, fino, de um que é apenas bom. Os candidatos tiveram que provar várias marcas e fazer observações. E as de Lee foram perfeitas. Mesmo assim, Michael teve receio. Achava que negociar com vinho era uma coisa muito séria, e duvidava que uma mulher tão bonita como Lee se comportasse com a seriedade necessária. Mas pôs o medo de lado, quando viu a conduta irrepreensível da garota frente aos negócios. Por uma ou duas vezes assistiu, divertido e satisfeito, a hábil maneira com que ela lidou com fornecedores, que tentaram enganá-la com vinhos de baixa qualidade. Lee, embora ...

fingisse o contrário, sabia muito bem que agradava ao chefe. Afinal, era uma pessoa com experiência de vida. Seu nome verdadeiro era Annabel-Lee, mas todos a conheciam simplesmente por Lee. Seus pais haviam emigrado para a Austrália, quando ela estava no primeiro ano da Universidade. Assim, rapidamente ela se viu independente e aprendeu a distinguir, com clareza, a estreita linha que existe entre uma amizade agradável e um relacionamento mais íntimo com alguém do sexo oposto. Com igual habilidade se encarregou de que ninguém cruzasse essa linha, a não ser que ela quisesse. Sua dedicação à carreira profissional era tamanha, que não teve tempo para nenhum namoro sério, até encontrar Drew. Quando ela revelou suas aspirações profissionais, seus pais a princípio ficaram em dúvida. Mais tarde, ao notarem que estava realmente decidida a se tornar uma expert em vinho, fizeram tudo para ajudá-la. Agora, quando começava a subir na carreira, Drew esperava que ela jogasse tudo para o alto. Mas como o casamento ainda demoraria um tempo, Lee desejava que, depois dos negócios estarem fechados, pudessem tirar umas férias juntos e, então, decidir sobre a carreira dela e se conhecer melhor. A garota deu uma olhada para o anel de diamante que trazia no dedo: uma jóia cara, mas discreta. Sem dúvida, era o tipo do presente considerado apropriado pela família Talbot. Lee abandonou seus devaneios e estudou a região que atravessavam. A propriedade de Chauvigny era próxima de Nantes. Agora, eles já estavam no vale do Loire, uma região cheia de castelos, relíquias de um passado distante. Mas o que realmente chamava a atenção dela eram os vinhedos. Em Saumur o vale se estreitava e, da estrada, era possível ver dezenas de tabuletas anunciando a venda de vinho. Lee não prestava muita atenção, pois a estrada ficava mais íngreme e perigosa. A partir de Angers o vale novamente se alargava e havia trabalhadores borrifando as uvas com água, para proteg ...

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