Livro: Viagens aos Mares do sul Página 3

... a duro e intransigente. Cass descobrira isso quando tia Claudine lhe oferecera essa viagem. Sem se comover com seu entusiasmo pelo presente, ele se recusara a lhe dar uma licença. Se ela quisesse ir, teria que se demitir e não haveria nenhuma garantia de que seu cargo ainda estaria vago quando voltasse. — Mas Rudy! — Cass se lamentara, incrédula. — São apenas duas semanas. . . — Quase três — ele a corrigira. — Está bem, quase três. Poderiam descontar isso das minhas férias. . — Você teve férias há menos de seis meses. — Ora, é claro! Todos nós tivemos. . A revista não tem nem seis meses de existência! — Exatamente. Você sabe quantas revistas entraram pelo cano nestes últimos dez anos? Para que esta aqui possa começar a engati¬nhar, todos nós temos que trabalhar muito e durante um longo tempo. Não podemos nos dar ao luxo de dar folga para o pessoal, por en¬quanto. Se você for, eu terei que substituí-la. Ninguém vai ter um dia de folga até o Natal. Sinto muito, Cass. Rudy abaixara a cabeça e voltara a se concentrar em seu trabalho. Obviamente, aquela era sua palavra final. Cass engolira em seco, sentindo um grande desapontamento, e saíra da sala. Não queria de¬sistir de seu emprego. Pensou em tia Claudine, que sentira tanto prazer em lhe dar esse magnifico presente. Ela também iria ficar desapontada. Cass havia adiado o momento de contar à tia, procurando uma solução para o dilema. Tentara conversar com Rudy de novo, suge¬rindo que os leitores talvez gostassem de uma história a respeito de um cruzeiro de navio. Ele parecera pensativo, mas pouco depois me¬neara a cabeça. — Nós temos um colaborador que viaja e eu não quero pisar nos calos dele. Além disso, a maior parle dessas ilhas já foi coberta antes. . . exaustivamente. — Bem, o próprio navio. . . — ela sugerira, ansiosa. — Nós publicamos uma matéria sobre cruzeiros marítimos há apenas algumas semanas, não se lembra? Não devemos no ...

repetir. — Nós poderíamos olhar por um prisma diferente. . — Não, não daria certo. Esqueça. Mas, dois dias depois, ele tinha ido até sua mesa com alguns papéis na mão, perguntando: — Quanto àquela sua viagem marítima. . . em que data o navio deixa Sidnei? — Dia 24 — respondera, intrigada, não ousando ter esperanças. Rudy, então, olhando para os papéis que tinha na mão, dissera: — Vamos até a minha saia. Quero conversar com você. Cass o seguira, perplexa. Ele se sentara à mesa, olhando pensati¬vamente para as próprias mãos durante algum tempo, antes de per¬guntar: — Já ouviu falar em Lionel Halliday? — Ele é um magnata, se não me engano. — Acertou em cheio. Halliday é o mais jovem milionário da Nova Zelândia. Mora em Auckland, e eu tenho tentado marcar uma entre¬vista com ele, para a nossa seção "Camafeu". Há muito interesse nele no momento, uma vez que conseguiu tirar o corpo fora antes que o grupo Magnum falisse com todo aquele escândalo. Muitos dos nossos leitores estiveram envolvidos na história, de um modo ou de outro. O grupo Magnum tinha participação em vários negócios. Portanto, eles devem estar interessados no homem que se safou de um problema em que muitos se meteram. — Querem a cabeça dele, não é? — Cass perguntara. — Não houve um boato de que a companhia não teria falido se ele tivesse ficado? — Alguns acreditam que, se ele tivesse adiado a retirada dos seus fundos e propriedades do negócio, poderia ter impedido o colapso. Outros o acusam de, com seu gesto, ter causado, índiretamente, o desastre; Enfim, Lionel Halliday não é muito popular. E não gosta muito de publicidade. . . Não que isso seja novidade. Sempre se re¬cusou a dar entrevistas e vive fugindo dos fotógrafos. Mas ultimamen¬te tem sido duas vezes mais difícil encontrá-lo. Pois bem, tive infor¬mações de que o médico de Lionel mandou que ele tirasse umas férias, longe dos jornais, da televisão e da ...

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