Livro: Viagens aos Mares do sul Página 2

... spondeu. — Estou apenas tentando me orientar. — Qual é o número da sua cabine? Cass hesitou, e o homem riu. — Eu sou bastante inofensivo. Os números ímpares ficam desse lado, os números pares ficam daquele — disse ele, sorrindo. — Obrigada. — Cass também sorriu, meio sem jeito, e se afastou das escadas. — Talvez nos vejamos por aí — comentou o moço atrás dela, esperançoso. — Pode ser. E obrigada mais uma vez. Ele acenou e começou a subir rapidamente as escadas. Cass ainda estava sorrindo ao abrir a porta da cabine. Aquele certamente não e o sr. Halliday, pensou ela. Pelo que lhe haviam dito, Lionel Halliday não era do tipo cordial. Uma moça agachada diante de uma mala olhou-a quando ela entrou. Cass viu os cabelos escuros um tanto rebeldes, uma boca pintada que se abriu num sorriso surpreendentemente amável e olhos castanhos que brilhavam. Segurando algumas roupas nas mãos. a moça se pôs em pé desa¬jeitadamente. — Você deve ser Cass Reynolds. Eu vi nas etiquetas da sua baga¬gem . . . espero que não se incomode. Meu nome é Lois. . . Lois Lescot. Qual cama você quer? Você esteve aqui antes, mas parece que não reservou nenhuma. — Para mim, tanto faz — disse Cass. — Escolha você, se quiser. — Sério mesmo? Então posso ficar com a de cima? — Notando o olhar de espanto de Cass, ela acrescentou: — Minha irmã e eu dor¬míamos em beliche quando éramos pequenas, mas Kathy sempre ficava com a cama de cima, porque era mais velha. Eu nunca con¬segui superar esse desejo de dormir na parte de cima, para variar. Cass riu. — Pois ela é toda sua. — Oba! Que maravilha! Eu sempre tive vontade de fazer um cru¬zeiro. Há anos que venho economizando para isso. Você também? — Para falar a verdade, não. Eu ganhei esta viagem como uma espécie de presente atrasado, pelo meu vigésimo primeiro aniversário. — Puxa! Menina de sorte! Você conhece alguém que anda distri¬buindo viagens de férias co ...

o presente de aniversário? — Lois per¬guntou. Então, achando que falava demais, acrescentou apressada¬mente: — Opa! Desculpe. . . foi xeretice minha. Kathy vive me mandando tomar cuidado com a língua. — Não foi nada. . . está tudo bem. Minha tia viaja muito, e tinha feito reservas para esta viagem para si mesma. Mas escorregou e que- brou a perna há algumas semanas e, ao invés de cancelar tudo, trans¬feriu a passagem para mim. O meu aniversário foi há meses atrás, mas ela estava na América do Sul na ocasião. Foi uma surpresa agradável. — Se foi! Sua tia parece ser fabulosa. — E é — Cass concordou. Tia Claudine sempre fora para ela como uma espécie de persona¬gem de conto de fadas. Escrevia romances de mistério com um toque de romantismo, que faziam muito sucesso. Viajava peio mundo em busca de cenários exóticos para seus livros e voltava uma ou duas vezes por ano à Nova Zelândia, sua terra natal, presenteando os pa¬rentes com sedas e esculturas estranhas, ou, no caso de Cass, com bonecas e um sortimento de cartões postais. Ela era madrinha de Cass e a única irmã de seu pai. Mesmo depois da morte súbita dele, há onze anos, Claudine continuara visitando a sobrinha. A mãe de Cass havia se casado de novo quando a filha tinha deze-nove anos e trabalhava como repórter muito inexperiente num dos jornais de Auckland. Quando, um ano depois, seu padrasto fora transferido para Wellington pela firma em que trabalhava, Cass, que gostava de seu trabalho e da cidade onde fora criada, convencera a mãe a deixá-la ficar e se mudar para um apartamento com algumas amigas. A mãe e o padrasto de Cass tinham vindo de Wellington para comemorar seu vigésimo primeiro aniversário e ela passara um fim de semana longo com eles. Naquela ocasião Cass estava muito feliz por ter sido contratada por uma nova revista, cujo editor permitia que o pessoal, geralmente jovem, pusesse em prática suas próprias idéias. Mas ele às vezes também er ...

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