Livro: Paixão esquecida
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... Helen Bianchin Não queria abrir os olhos. Ainda não. Porque quando o fizesse, ele estaria ali. O homem que diziam que era seu marido, sentado numa cadeira junto à cama, onde, segundo lhe tinham dito, tinha mantido uma vigília quase constante durante os dias que esteve internada Na semana anterior, tinha reduzido as suas visitas a três vezes ao dia: de manhã cedo, depois do almoço e ao anoitecer. As enfermeiras tinham-no comentado quando pensavam que estava a dormir. e tinham-lho comunicado com um tom de leve inveja quando ela estava acordada. O seu internamento no hospital tinha sido um pouco agitado. Parecia que meia hora depois de ter sido transportada inconsciente numa ambulância do local do acidente até um hospital público mais próximo, tinha-se produzido um enorme reboliço e tinha sido transferida de urgência para aquele estabelecimento privado e muito caro, que dispunha de um vasto grupo de especialistas. - Elise. A voz era profunda e o seu timbre fez com que a sua pulsação se acelerasse. Maldição. Não tinha outra opção senão a sua presença. Abriu os olhos lentamente. A sensação que teve ao vê-lo foi tal que teve que fazer um esforço considerável para não tornar a fechar osolhos para fazer desaparecer aquela imagem. Era um homem alto, cuja impressionante largura de ombros e cuja fortaleza, até numa postura descontraída, eram intimidadores. As suas feições eram duramente cinzeladas, como que esculpidas em pedra, e os seus olhos eram tão escuros que pareciam negros, quase tão negros como o seu cabelo bem cuidado. Sob o frio manto da sua sofisticada fachada, tinha o olhar de um caçador, tão selvagem como um animal da selva e igualmente perigoso. Alejandro Santanas. Até o seu nome era pouco comum. A informação que lhe tinham dado sobre ele reduzia-se a poucos dados. Tinha perto de quarenta anos e dirigia um império financeiro cuja simples menção produzia um enorme respeito no sector dos negócios. Um homem m ...

ito rico, segundo lhe tinha revelado uma das enfermeiras, cuja destreza empresarial lhe tinha permitido alcançar um lugar entre os homens mais famosos e ricos do país. Elise não parecia surpreendida, porque dele emanava uma sensação de poder que lhe parecia vagamente atemorizadora. Saber que era sua mulher tinha-a emocionado e atemorizado ao princípio, e ela tinha-se rebelado contra a ideia de estar unida a ele de alguma forma. Atormentou-se em silêncio pensando que não se sentia casada. Nem grávida. Mas havia uma ecografia que mostrava que o feto de sete semanas não tinha sofrido nenhum dano. O seu filho. Nem num milhão de anos podia ter imaginado que se tinha apaixonado por ele. nem ele por ela. Mas havia fotografias do casamento, tiradas há seis meses, que provavam a sua aliança legal, e nem uma só das muitas vezes que as tinha examinado tinha podido encontrar outra coisa que não fosse alegria no seu sorriso. Apareciam juntos nas fotografias: ela mal lhe dava pelo ombro, manifestando-se assim a fragilidade da sua esbelta silhueta. Uma cabeleira dourada que Lhe dava pelos ombros emoldurava a cara de traços delicados, olhos grandes e lábios generosos: Mas quando se olhava no espelho via uma estranha, de feições normais, cara pálida e olhos vèrdes azulados. Pensou com silenciosa angústia que perder a memória, mesmo que fosse temporariamente, era semelhante a estar à frente de uma porta sem ter a chave. As respostas estavam do outro lado, fora do seu alcance. Não era raro que se produzisse amnésia depois de um acidente como aquele, e, no seu caso, tratava-se de uma coisa temporária. Sem lhe dar nenhuma indicação de quando Lhe voltaria a memória, tinham-na avisado que, enquanto alguns pacientes recuperavam por completo passados alguns dias, outros tinham flashes intermitentes durante algumas semanas, antes de tudo voltar finalmente ao seu lugar. - Bom dia, querida. Dormiste bem? A sua voz era profunda e vagamente rouca, e El ...

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